São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997 |
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Governo é cliente preferencial
MARCIO AITH
É dessa forma -financiamento para ajuste fiscal- que o BNDES classifica a liberação de recursos para os Estados como antecipação de receita de privatização de empresas estaduais. O banco emprestou, por exemplo, para o governo da Bahia, que se comprometeu a pagar o crédito quando a Coelba (a empresa de eletricidade do Estado) fosse privatizada. Mais R$ 1,47 bilhão também foi para os cofres dos Estados, seja para empresas controladas pelos governos (como o Metrô de São Paulo, que levou R$ 771,3 milhões), seja para os próprios governos, como empréstimos para outras destinações que não ajuste fiscal. Vários Estados -como Sergipe- receberam, por exemplo, recursos para aplicação em turismo. Fazendo as contas, cerca de 30% dos financiamentos diretos do BNDES foram para os Estados. Além disso, o banco tem concedido empréstimos elevados para as empresas concessionárias de serviços públicos. A empresa que administra a rodovia Presidente Dutra vai receber R$ 170,9 milhões; a que gerencia a ponte Rio-Niterói, outros R$ 36 milhões. Vários dos Estados beneficiados com recursos do BNDES -como Espírito Santo- estão em situação financeira desfavorável, com um alto comprometimento da receita no pagamento de funcionários. "O BNDES pertence integralmente ao governo federal e recebeu como uma de suas missões ajudar os Estados", disse Isac Zagury, superintendente financeiro e da área internacional do banco. Ele reconhece que o banco não pode forçar os governos estaduais a aplicar os recursos recebidos do BNDES na redução de suas dívidas -principal objetivo do governo federal ao autorizar essas operações. "Alguns Estados estão conseguindo melhorar sua situação, como São Paulo." A política de concessão de recursos para Estados tem sido criticada por empresários. Roberto Nicolau Jeha, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), considera, por exemplo, que a função primordial do banco é fomentar o crescimento econômico e não servir de braço financeiro para que a União faça seu acerto de contas com os Estados. Colaborou Márcio Aith, da Reportagem Local Texto Anterior: Projeto viável leva verba, diz Mendonça de Barros Índice |
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