São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Oposição garante que manterá estabilidade

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O primeiro ato da oposição vitoriosa foi reafirmar que não pretende atingir a estabilidade econômica, principal logro de Menem.
"A partir de hoje, a Argentina não vai mais discutir nem a democracia nem a estabilidade", disparou a senadora Graziela Fernández Meijide, cabeça de chapa da Aliança na Província de Buenos Aires.
Para Graziela, o que se vai discutir são "os grandes temas de todos os dias, justiça, educação, trabalho, segurança e a batalha para dar igualdade a todos".
Federico Storani (UCR), eleito deputado, diz que a mensagem da eleição é esta: "Não basta governar para os setores privilegiados".
O inesperado tamanho da derrota do governo complica a situação do peronismo para a sucessão presidencial, em 99. O candidato que se considera natural, o governador da Província de Buenos Aires, Eduardo Duhalde, pretende acentuar as diferenças com Menem.
Duhalde atribui a derrota ao fato de o presidente ter "nacionalizado" a campanha, no seu período final, quando o governador preferia transformá-la em plebiscito sobre o seu próprio governo.
Já a derrota em Santa Fé fere de morte o candidato preferido de Menem, o senador Carlos Reutemann, ex-piloto de Fórmula-1.
Na oposição, o problema parece ser o excesso de candidatos.
"Nosso maior desafio é impedir que haja um torneio de vaidades em torno da candidatura presidencial para 99", admite Carlos "Chacho" Alvarez.
O coordenador da Aliança, o ex-presidente Raúl Alfonsín, anunciou para quinta-feira a primeira reunião para começar a preparar a plataforma para 99.
Logo depois de votar, Alfonsín foi internado com forte gripe e febre de 40 graus. Fica no hospital por 24 horas.
Como se o resultado eleitoral não fosse dor de cabeça suficiente, o governo Menem ainda terá que enfrentar as sequelas da crise em Hong Kong. A Argentina tem um sistema cambial similar ao de Hong Kong e, se a paridade do dólar de Hong Kong com o norte-americano for rompida, "a Argentina seria um alvo atraente para os especuladores", diz Charles Blitzer, chefe de mercados emergentes da firma Donaldson, Lufkin e Jenrette (EUA).
(CR)

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