São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Mantendo um menu bizarro, Hanói muda

Febre de construções pode descaracterizar a capital

DO "LIBÉRATION"

Caminhando pelas ruas de Hanói, somos pegos de surpresa pela dimensão da cidade. Sua linha do horizonte ainda é baixa, salvo algumas exceções recentes (e preocupantes) como, por exemplo, um edifício de mais de 20 andares que se encontra em construção.
Os otimistas afirmam que os vietnamitas saberão não desfigurar a cidade, não transformá-la numa Bancoc. Para os pessimistas, isso não passa de ilusão. O novo pequeno dragão também vai sucumbir ao frenesi reinante.
Será que Hanói vai conservar as casas estreitas de fachadas trabalhadas do bairro chinês, ao norte de Hoan Kiem? É preciso perambular nas ruas, mandar gravar à mão um carimbo de madeira, ouvir o barulho dos ferreiros, fazer um paletó de seda sob medida.
Será que Hanói vai sucumbir à atração do excesso? Os pontos de referência da cidade estão mudando. Já não se fala apenas do luxuoso hotel Metrópole ou do teatro da Ópera, um pequeno palácio de Garnier de 1911, mas também do imenso hotel Daewoo, que, segundo boatos, tem andares demais para o solo da cidade, encharcado de água. Aliás, o nome da capital vietnamita significa "deste lado" (noi) "do rio" (ha).
Cardápio aterrador
Se esses pensamentos deprimirem você, suba a rua Mai Hac De, onde estudantes lotam restaurantes e bares. Lá, tome o drinque feito de sangue temperado de cisne.
A não ser que você prefira se fazer notar, coma carnes de gato (a última moda) ou de cachorro, servidas em vários restaurantes na estrada que leva ao aeroporto.
O mais provável, porém, é que opte por uma boa sopa pho, que você vai tomar sentado sobre um banquinho minúsculo, antes de retornar, sentado no bagageiro de uma bicicleta motorizada, bem mais veloz do que o riquixá em que iniciou seu passeio.

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