São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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Para Bird, governo incentiva destruição

LUCAS FIGUEIREDO

LUCAS FIGUEIREDO; ALTINO MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Documento critica país por não ter eliminado incentivo a atividades econômicas prejudiciais à Amazônia

ALTINO MACHADO
O Bird (Banco Mundial) critica o governo brasileiro por não ter eliminado todas as formas de incentivos a atividades econômicas que geram impactos ambientais negativos na Amazônia.
No documento do Bird sobre o PPG7 (Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil), a crítica aparece de forma genérica em relação a subsídios oficiais a atividades prejudiciais do ponto de vista ambiental.
"Cumpre eliminar os incentivos restantes ao uso insustentável da terra e oferecer incentivos para o uso desejável. As políticas brasileiras -legislação, regulamentação, crédito, incentivos, programas de investimento setorial- devem ser coerentes e estar em harmonia com o desenvolvimento sustentável", diz o texto.
Em entrevista à Folha, o gerente do Bird para o PPG7, Roberto Schneider, mencionou um exemplo concreto: as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) sobre a viabilidade do cultivo da soja na Amazônia.
O plantio da soja na Amazônia é apontado por ambientalistas como uma das formas mais predatórias de destruição da floresta.
"Conhecimento é uma nova forma de incentivo", disse a diretora do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, Maritta Koch-Weser, comentando a realização, com recursos oficiais, de pesquisas sobre o cultivo de soja na Amazônia.
A missão do Bird em Manaus considerou positivo que os seringueiros, símbolos da preservação das florestas da Amazônia, estejam dispostos a ingressar no cobiçado mercado internacional de madeiras tropicais.
O diretor do Banco Mundial disse que os incentivos para esse setor devem ser direcionados para ampliar o conhecimento dos sistemas agroflorestais na Amazônia.
O Bird quer que o PPG7 estabeleça parcerias com o setor privado e identifique barreiras ao investimento privado na conservação da natureza e no desenvolvimento sustentável.
A vertente empresarial da luta pela conservação da floresta tropical será um dos principais aspectos da segunda fase do programa, que será iniciada no ano 2000.
Nessa segunda fase, empresários poderão receber empréstimos do programa para implantar negócios "ambientalmente corretos". Para o Bird, não basta tornar o desenvolvimento sustentável mais atraente. "O uso da terra deve ser limitado nas áreas que não devem suportar desenvolvimento de qualquer espécie", disse Schneider.

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