São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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Líderes de Angola preparam acordo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um acordo final de paz entre o governo de Angola e os rebeldes da organização Unita está prestes a ser firmado pelo presidente José Eduardo dos Santos e pelo líder guerrilheiro Jonas Savimbi.
O anúncio vai ocorrer antes de sábado e evitar a aplicação de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Unita.
A ONU resolveu em agosto proibir viagens internacionais dos líderes da Unita, fechar todos os escritórios da organização no exterior e cortar seus suprimentos externos de víveres e combustíveis.
Mais forte do que as ameaças da ONU, no entanto, é a nova realidade geopolítica daquela região da África, onde Angola passou a ser o principal ator, após apoiar de maneira decisiva as mudanças de governo ocorridas nos dois Congos.
José Eduardo dos Santos recebeu ontem em Luanda os novos líderes dos Congos, Denis Sassou Nguesso e Laurent Kabila, além do presidente do Gabão, Omar Bongo, numa demonstração pública da nova importância de Angola na África.
Com o decidido apoio que o governo de Angola passou a receber de seus vizinhos, sobraram muito poucas alternativas de sobrevivência política para a Unita, que ainda mantém sob seu controle boa parte do território angolano.
Para a Unita, agora, a melhor alternativa é cumprir os termos do acordo de paz de 1994, pelo qual ela se comprometeu a formar um governo de união nacional sob o comando de Santos, desmobilizar e desarmar seus soldados e passar os territórios sob o seu controle para o do governo central.
A Unita ainda tenta obter o máximo de vantagem possível para si na transferência das minas de diamante localizadas nas áreas que domina. Outro ponto ainda em discussão antes do encontro entre Savimbi e Santos é o seu local.
Savimbi aponta razões de segurança para preferir se encontrar com Santos fora de Angola. Mas o presidente diz que não abre mão de fazer a reunião no país, de preferência em Luanda. O embaixador dos EUA na ONU, Bill Richardson, que visitou a região na semana passada, disse ontem estar "animado" com as perspectivas de pacificação em toda a área.

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