São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997 |
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Padre católico usa método de evangélicos
LUIS HENRIQUE AMARAL
O programa do padre Marcelo na rádio América é líder de audiência no horário noturno em São Paulo. Ele ficou conhecido por criar o "Terço Bizantino", espécie de oração. Sua missa é transmitida aos domingos pela Jovem Pan. O padre também tem um programa na Rede Vida. Na semana passada, a frase usada na oração do "Terço Bizantino" era o tema do encontro do Morumbi. No programa, repetia várias vezes: "Eu sou feliz por ser católico, eu sou feliz por ser católico...". Para conquistar fiéis, o padre usa métodos comuns aos evangélicos, como curas e muita oração. A celebração no Morumbi, por exemplo, começou com "testemunhas de cura". O radialista Altierez Barbiero, da rádio América, contou que sua filha tinha um nódulo no pescoço. Pediu para o padre Marcelo rezar por ela. "Na mesa de operações, depois que ela estava anestesiada, a médica percebeu que o nódulo havia sumido. Disse que foi um milagre." Questionado sobre seus poderes curativos, o padre Marcelo afirma: "Não sou eu quem curo, é Jesus". No Morumbi, ajoelhado, o padre Marcelo falava que sentia que alguém ali "usava um colete porque tinha problemas entre a quarta e a quinta vértebra da coluna". Então, pedia para que essa pessoa batesse palmas. Vários batiam. "Jesus está trabalhando na sua coluna para curá-lo", afirmava. Em entrevista no intervalo do evento, o padre Marcelo explicou como capta as doenças de seus fiéis. "Às vezes eu sinto a dor da pessoa. Ontem mesmo eu estava na rádio e saí mancando. Outras vezes é uma imagem que aparece. Você vai falar que eu sou paranormal, mas nunca tive isso, só acontece durante a oração", diz. O padre diz que Jesus Cristo "fazia muito isso, chegava e sabia o que estava no coração da pessoa". A atuação do padre Marcelo está dividindo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). O presidente da regional oeste da CNBB, d. Fernando Figueiredo, apóia o padre, que pertence a sua diocese. O bispo, inclusive, celebrou a missa no Morumbi. "Atribuo o sucesso do padre Marcelo ao sentido religioso, mas com uma abertura para o outro na solidariedade", diz o bispo. Já para d. Antônio Queiroz, ex-secretário-geral da CNBB, o padre Marcelo é "fruto de uma doença, uma neurose religiosa". Ainda para ele, o padre é cercado por pessoas "ingênuas" ou "que querem se aproveitar do povo". Para o padre Marcelo, seu sucesso pode ser explicado pelo resgate da devoção e das orações. "A igreja se voltou para o lado social e é necessário ressaltar o espiritual." Texto Anterior: Touro quebra perna de cacique Raoni Próximo Texto: Fiéis retaliam jornal no Rio Índice |
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