São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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34 ações tentam impedir o leilão de venda da CPFL

CLÁUDIA TREVISAN

CLÁUDIA TREVISAN; ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Medidas são impetradas por filiados ao Sindicato dos Eletricitários

Trinta e quatro ações em todo o Estado tentam suspender o leilão de privatização da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), marcado para as 9h30 de amanhã na Bolsa de Valores de São Paulo.
Todas as ações foram propostas por filiados do Sindicato dos Eletricitários de Campinas, cidade onde está a sede da empresa. Metade dos processos teve início há cerca de um mês. O restante foi apresentado a partir de quinta-feira.
Por enquanto, o Estado está vencendo a disputa com o sindicato. Há três semanas, conseguiu cassar no Tribunal de Justiça a primeira liminar obtida pelos opositores da privatização da empresa.
Até ontem, outros cinco pedidos de liminar apresentados a partir de quinta-feira haviam sido negados por juízes de São Paulo, Campinas, Mirassol e Araraquara.
Nessas ações recentes é que existe maior possibilidade de concessão de liminares contra a realização do leilão.
O secretário da Energia do Estado, David Zylbersztajn, esperava uma enxurrada de ações contra a privatização da empresa. Para enfrentar o problema, ele mobilizou a Procuradoria Geral do Estado e os departamentos jurídicos da secretaria e da Cesp, que detém o controle acionário da CPFL.
Os advogados e procuradores estão prontos para pedir a cassação de liminares concedidas em qualquer ponto do Estado.
O sindicato argumenta que o leilão é inconstitucional. Segundo a entidade, a concessão para exploração de energia elétrica é federal e não estadual. Por isso, só a União poderia privatizar a empresa.
Ágio
O que Zylbersztajn não esperava era o crash nas Bolsas, que reduziu a expectativa de número de participantes e de ágio no leilão.
A maioria dos analistas de investimentos ouvidos pela Folha ontem acredita que o ágio na venda da CPFL deverá ficar entre 10% e 20%. O preço mínimo das ações que vão a leilão está fixado em R$ 1,77 bilhão.
Isabel Bresser, da corretora Fator, evita estimar o ágio, mas afirma que ele ficará abaixo do registrado nas recentes privatizações de estatais elétricas, que variaram de 43,5% a quase 100%. Antes da crise iniciada no dia 23, os analistas acreditavam que o sobrepreço da CPFL poderia variar de 50% a 60%.
A privatização da empresa terá ainda uma fase de ofertas de ações aos funcionários, com desconto de 20% e 40%, que ocorrerá entre os dias 11 e 21 de novembro.

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