São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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Crash acirra a disputa entre os que defendem reforma e desvalorização

DA REDAÇÃO

O crash global que atropelou a economia brasileira na semana passada, obrigando o Banco Central a dobrar os juros para conter a fuga de dólares, parece ter servido para as lideranças empresariais reafirmarem suas convicções.
Quem era a favor da desvalorização antes da crise continua achando que essa é a melhor saída para o Brasil. Da mesma forma, os defensores de sempre das reformas estruturais acreditam que este é o momento de desencantá-las.
As duas turmas foram nitidamente identificadas em enquete realizada ontem pela Folha junto a 31 líderes empresariais e políticos de São Paulo e do Rio, entre industriais, comerciantes, economistas, um governador e um ex-ministro.
A maioria dos entrevistados é pelas reformas. Os mais impacientes até receitam, para antecipá-las, um "pacote", palavra em desuso no atual governo, por enquanto.
Essa corrente -a dos que querem reformas- está em sintonia com o pensamento do governo, que procura usar a crise da semana passada para sensibilizar o Congresso.
O fato de serem maioria, nesta enquete, não empresta relevância especial aos "reformistas" porque o trabalho não pretendeu o rigor metodológico da pesquisa. De qualquer maneira, eles sempre foram maioria entre líderes empresariais.
Quanto aos "cambistas", por assim dizer, marcaram presença no debate, reforçando as afinidades eletivas entre industriais e setores da esquerda, como economistas ligados ao Partido dos Trabalhadores. Ambos querem o progresso, mesmo que ao custo de um pouco da estabilidade obtida, o que nem sempre é dito com todas as letras.
Entre um bloco e outro, vozes isoladas foram anotadas quando a Folha perguntou qual a primeira medida que tornaria o Brasil menos vulnerável. Gianetti da Fonseca, por exemplo, foi além da superfície. Para ele, o que torna o Brasil viável "é a educação básica de qualidade para todas as crianças".

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