São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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Argentina teme reflexo de medidas

LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Apesar da tendência de recuperação da Bolsa argentina, ainda persiste o receio de que o Brasil promova outras medidas recessivas como as da semana passada.
Ontem, a Bolsa na Argentina abriu em alta de 3% e continuava positiva até o fechamento desta edição, seguindo o rastro dos resultados no Brasil e do fechamento da Bolsa em Hong Kong em 6%.
O maior receio agora é que o Brasil seja, de fato, "a bola da vez" e não consiga afastar a possibilidade de um ataque especulativo, tendo que desvalorizar o real.
Caso isso aconteça, a Argentina, cuja economia tem forte ligação com a brasileira, ficará na berlinda: a tendência natural dos investidores seria imaginar que os argentinos acabariam abandonando o modelo de câmbio fixo, no qual um peso vale um dólar.
Seria o efeito "abraço de afogado", no qual o que tenta se salvar (Brasil) agarra o outro que está a seu lado (Argentina) e leva junto o parceiro para o fundo.
Desde o início da crise, o ministro Pedro Malan (Fazenda) e seu colega argentino, Roque Fernández, têm se falado, por telefone.
Na próxima semana, Fernández desembarca em Brasília, com o presidente argentino, Carlos Menem, para discutir pessoalmente com Malan ações conjuntas.
Como 30% de suas exportações são direcionadas ao Brasil, chamado de "sócio maior", o desaquecimento da economia brasileira provoca reflexo imediato na Argentina. "Nossa economia depende do que acontece no Brasil. Se vocês espirram no Brasil, nós ficamos gripados aqui", disse o diretor-executivo da consultoria Business Training Systems, Edgardo Frigo.
"Se o Brasil ceder (e desvalorizar o real), a Argentina irá suportar, apesar de os operadores estrangeiros acreditarem que somos a mesma coisa", afirmou o vice-ministro da Economia da Argentina, Carlos Rodríguez.

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