São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997 |
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Eduardo Constantini vai expor sua coleção no Brasil Acervo de arte moderna latino-americana virá ao MAM em 98 FERNANDO GODINHO
Cerca de 110 peças do colecionador argentino Eduardo Constantini serão expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo. O seguro da mostra está avaliado em aproximadamente US$ 27 milhões. A coleção reúne 40 anos de arte moderna latino-americana (dos anos 20 aos 60) e inclui quadros fundamentais para a história da pintura brasileira, como "Abaporu", de Tarsila do Amaral, "Mulheres com Frutas", de Emiliano Di Cavalcanti, e "Festa de São João", de Candido Portinari. A América Latina também é representada pela mexicana Frida Kahlo (com seu auto-retrato de 1942, em que aparece ao lado de um papagaio e de um pequeno macaco), pelo uruguaio Joaquín Torres-García e pelos argentinos Antonio Berni e Xul Solar, além de artistas cubanos e chilenos. "A coleção tem como base grandes pintores latino-americanos que compartiram os movimentos de vanguarda europeus e souberam trazer esse modernismo para seus países de origem", disse Constantini em entrevista à Folha. "Eles agregaram a mesma base de informação e a processaram de maneira diferente." Blocos Essas diferenças e semelhanças entre os artistas modernos da América Latina estão orientando a montagem da exposição, que será dividida em quatro blocos. O curador da mostra, Marcelo Pacheco, explica que a primeira parte enfocará a produção dos anos 20, na qual estarão incluídas obras de Tarsila, Xul Solar e Torres-García. Os anos 30 e 40 formarão o segundo bloco, com peças de Berni e Portinari. A arte concreta argentina produzida nos anos 40 estará em outro bloco, e a exposição termina com peças argentinas dos 60. Constantini disse que está levando sua coleção ao Brasil porque ela "quer ser visível". "O Brasil é um país fundamental para a América Latina, e para mim é importante que as obras sejam conhecidas pelos brasileiros", completa. Após São Paulo, a coleção poderá passar pelo Rio e por Lima, no Peru. Até o final deste século, ela estará reunida em um museu que será construído pelo argentino em Buenos Aires. Critério Constantini tem um "critério básico" para aumentar sua coleção. "Compro a melhor pintura dos melhores pintores. É preciso ser superlativo e adquirir quadros meta-históricos, espetaculares. O 'Abaporu', por exemplo", diz. "São os quadros dos melhores pintores, em seu melhor momento, com sua melhor inspiração", completa. Ele gostaria de ter peças do mexicano Diego Rivera e do brasileiro Victor Brecheret. Empresário do setor imobiliário e financeiro em Buenos Aires, Constantini define sua atividade como "uma doença, uma enfermidade saudável". Aos 50 anos e com o segundo casamento marcado para o mês que vem, já comprou cerca de 150 quadros para sua coleção. "Se Deus quiser, ela não vai terminar nunca." "A coleção nunca se completa. Uma pessoa é colecionadora por vício. Está sempre acumulando, vendo, comprando. A coleção se mantém aberta e viva, sempre crescendo. Eu nunca vendi nenhum quadro", revela. Aos 23 anos, comprou seu dois primeiros quadros. "São pintores argentinos razoáveis, que não foram parte da coleção", diz. "Passei a comprar mais e me dei conta de que era um viciado." Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: "É como seleção de futebol", diz Índice |
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