São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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Sinais positivos no mercado de trabalho

WALTER BARELLI

A Pesquisa de Emprego e Desemprego Seade/Dieese do mês de outubro registrou índice recorde de desemprego na região metropolitana de São Paulo.
Segundo os institutos, pouco mais de 16% da PEA (População Economicamente Ativa) da Grande São Paulo está desempregada ou subempregada. O índice é alto e traz grandes preocupações aos formuladores das políticas públicas de emprego, mas merece algumas considerações.
Esses mesmos institutos mais os departamentos de pesquisas de organizações empresariais e a Universidade do Trabalhador (Unitrabalho) -que, com a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, formam o Observatório de Situações de Emprego e Formação Profissional, órgão tripartite que estamos estruturando- começam a receber novos dados que mostram que o nível de emprego volta a crescer, principalmente no interior do Estado de São Paulo.
A novidade fica por conta de um surpreendente aumento dos postos de trabalho formais (emprego com carteira assinada), em especial no setor agropecuário.
A fonte de dados para essa conclusão é o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, formado a partir das informações das empresas, que são obrigadas a fornecer mensalmente dados de demissões e contratações, dentro dos critérios da lei 4.923/65.
Os dados do cadastro apontam claramente que o emprego formal no primeiro semestre deste ano cresceu. Foram admitidos no Estado de São Paulo 1.613.011 trabalhadores e demitidos 1.457.982, gerando um saldo de 155.029 novos postos de trabalho.
Outro dado positivo a ser apontado é o de que o Estado de São Paulo apresenta um comportamento mais expressivo, sendo responsável por 48% dos novos empregos criados no país. E, dentro do Estado, o interior se destaca.
Das novas vagas criadas, 38,1% foram geradas nas regiões de Ribeirão Preto (11,17%), Campinas (6,24%), Araçatuba (5,14%), Catanduva (5,11%), Franca (3,89%), Piracicaba (3,44%) e São Joaquim da Barra (3,09%). A região metropolitana, que responde por mais de 50% da PEA, gerou apenas 21,3% dos empregos.
Esse crescimento do emprego formal no interior do Estado começa a despertar a atenção dos analistas. Algo de efetivamente novo está acontecendo. É certo que a fonte, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, possui certas limitações, mas elas não chegam a comprometer de forma considerável os números aqui apresentados.
Outro ponto que merece atenção é a transformação qualitativa do emprego. Desses novos postos de trabalho formais (repito: emprego com carteira de trabalho assinada), 40% se devem à atividade agropecuária.
É claro que não se deve esquecer de que a agricultura sempre emprega mais no primeiro semestre devido às contratações do início da safra, em especial nas culturas de laranja e cana-de-açúcar, atividades que agregam grande parcela da força de trabalho da agricultura paulista. Talvez parte desses empregos se perca no final da safra.
No entanto, é a primeira vez que a agricultura assume tal importância nas estatísticas do setor formal. Ponto para o empresariado e para os sindicatos de trabalhadores rurais, que estão conseguindo melhorar a qualidade do emprego no interior do nosso Estado.
Os números aqui apresentados são um convite para que os parceiros do nosso Observatório de Situações de Emprego e os analistas econômicos nos ajudem a decifrar esses sinais altamente positivos. Será que um novo ciclo, favorável ao emprego, pode ser anunciado?

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