São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Mais professores criticam prova da FGV

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A prova da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo realizada no último domingo recebe novas críticas de professores de diferentes áreas.
A prova de ciências naturais tem problemas em 56% das questões, dizem o coordenador do Departamento de Química do Colégio Bandeirantes, Ricardo Almeida, e a professora do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo) Reiko Isuyama.
"A FGV pede que o aluno tenha uma média em cada matéria que praticamente corresponda à metade da prova. Como 56% é deficiente, o candidato pode não conseguir atingir a média exigida para aprovação", afirma Reiko.
As principais críticas dos professores são quanto à complexidade da maioria das questões, que, segundo eles, normalmente referem-se a assuntos específicos de 3º grau, e não de ensino médio. "Como o vestibulando não possui esse conhecimento, a FGV acaba estimulando o chute", afirma.
Por exemplo: na questão 64 é pedida uma classe de compostos que contenha cloro. A resposta correta é a que indica a letra "c" -dioxinas. Segundo Reiko, esse conceito não está presente em livros de 2º grau: "Até mesmo na universidade não é todo mundo que sabe. São termos muito específicos".
Para os dois professores, a prova da FGV foi "mal feita", justamente por dar um enfoque diferente do que é dado no 2º grau. Segundo Almeida, uma carta será encaminhada para a FGV apontando todos os problemas analisados.
A convite da Folha, dois professores da Berlitz Centro de Idiomas resolveram a prova de inglês no mesmo tempo oferecido ao candidato: uma hora.
"A prova exige do aluno um conhecimento de nível avançado, que o candidato tenha feito, no mínimo, cinco anos de curso de inglês", diz a coordenadora da unidade do Berlitz no Pacaembu, Valéria Ferreira.
Além disso, ela afirma que é preciso ter um bom conhecimento geral para entender algumas características dos textos, que possuem muitos termos específicos, principalmente na área de economia.
"Era preciso ter muita calma para entender as perguntas e as alternativas, que não eram muita claras", afirma. Os dois professores gastaram uma hora inteira para resolver a prova. Ambos também exercem trabalhos ligados às áreas de finanças e economia.
Os candidatos concordam que a prova exigiu conhecimento específico. "Os dois textos de inglês apresentaram muito 'economês'. A prova de ciências pediu coisas que não se aprende nos cursinhos, além de ter muita 'decoreba' na prova de história", afirma Rodrigo Vargas, 18, que presta FGV pela 2ª vez. Ele cita também a questão da dioxina: "Perguntei para um professor, e até ele teve de consultar um livro. Se ele teve dúvidas, imagine o candidato".
Mattos afirma que até o fechamento desta edição ele já havia recebido gabaritos de seis diferentes cursinhos. Todos concordavam com o gabarito oficial, ainda não divulgado.

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