São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Pai diz que pode processar USP

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FOLHA CAMPINAS

O pedreiro João Batista de Araújo, pai do estudante Daniel Pereira de Araújo, encontrado morto na raia olímpica da USP, afirmou ontem que poderá processar a universidade dependendo do resultado dos exames necroscópicos feitos em seu filho.
"Se o garoto não morreu afogado, nós vamos processar a USP. Ainda estou com a cabeça muito quente, por isso não procurei um advogado para saber que tipo de medidas podemos tomar", disse.
Araújo afirmou que o objetivo da ação, caso ela realmente seja impetrada, não é financeiro. "É para punir, para eles sentirem um pouco da dor que estou sentindo. Mas vamos aguardar o laudo."
O IML (Instituto Médico Legal) informou que o laudo, em princípio, ficará pronto somente em duas semanas, quando estiverem prontos os exames laboratoriais.
O laudo, segundo a direção do órgão, vai dizer se o estudante morreu afogado ou foi morto antes de o seu corpo ter sido jogado na água. O IML se recusa a fazer uma análise preliminar.
"Para mim, ele não morreu afogado. Não posso dizer ainda que foi um assassinato, mas houve alguma coisa estranha, com certeza", declarou o pai do estudante.
Badan Palhares
O médico-legista Fortunato Badan Palhares, do Departamento de Medicina Legal da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), disse ontem que os exames que devem comprovar a causa da morte do estudante poderiam ser concluídos em sete ou dez dias.
Segundo ele, a verificação da ocorrência de lesões externas no corpo e a constatação das áreas onde elas teriam ocorrido são os primeiros passos a serem seguidos.
"As marcas denunciam o que chamamos de reação vital, o que só acontece quando a pessoa está viva", disse. O próximo passo seria a avaliação do conteúdo da árvore tráqueo-brônquica, ou seja, a traquéia, para ver se o líquido encontrado é compatível com o da água da raia olímpica.
Outro sinal de que pode ter acontecido afogamento, de acordo com Palhares, é a presença de um enfisema aquoso em um dos pulmões.
Palhares disse que, descartadas as hipóteses de afogamento, os legistas deveriam procurar rupturas de órgãos e de tecidos internos do corpo, que também podem indicar o motivo da morte.

Colaborou a Folha Campinas

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