São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Procurador pede absolvição de Williams

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O procurador Maurizio Passarini pediu ontem, em Imola, na Itália, que quatro dos seis acusados pela morte de Ayrton Senna sejam absolvidos. Entre eles, Frank Williams, sócio e chefe da equipe do brasileiro, morto em 1º de maio de 1994, durante o GP de San Marino.
O pedido de retirada da acusação de homicídio culposo (não intencional) foi o momento mais marcante das alegações finais feitas pelo responsável pela acusação no julgamento, que já dura quase nove meses.
Passarini explicou que Williams não deveria ser condenado "porque não cometeu nenhum crime".
Aparentemente, o depoimento dado pelo inglês, na semana passada, surtiu efeito. Naquela sessão, a última com a participação de testemunhas, Williams afirmara que sua responsabilidade no time era apenas administrativa, de pouca influência no aspecto técnico.
Para Patrick Head e Adrian Newey, respectivamente diretor-técnico e ex-projetista da Williams, Passarini recomendou pena de um ano, com direito a todos os atenuantes, inclusive sursis.
O procurador explicou que os dois cometeram "erros microscópicos" na execução da reforma na barra de direção do carro de Senna -para o procurador, fato determinante para o acidente.
Oreste Dominioni, advogado italiano que defende Head e Newey, declarou que o pedido de condenação está baseado em "conjecturas, dados arbitrários e hipóteses". "A acusação se enfraqueceu com isso", explicou.
A defesa fará suas alegações finais no próximo dia 26. E a sentença do juiz Antonio Costanzo está prevista para meados de dezembro. Especialistas em direito na Itália afirmam crer, porém, que não haverá condenação.
E, se houver, Head e Newey, pela legislação italiana, terão direito automático a recurso, o que poderia arrastar a decisão por anos.
Além de Williams, Passarini pediu a absolvição de outros três acusados: o belga Roland Bruynseraede, diretor de prova naquele GP de San Marino, e os responsáveis pelo circuito, os italianos Federico Bendinelli e Giorgio Poggi.
O procurador alegou inocência para os três, declarando que "a pista não tinha culpa pela morte do piloto brasileiro".
A virada de Passarini, que apelou até para recursos de computação gráfica em busca da comprovação de suas teses, surpreendeu.
Apesar da expectativa de condenação nunca ter sido levada muito a sério, pela complexidade do assunto, não se esperava que o próprio procurador tomasse a decisão de abrir mão de boa parte de seu trabalho.
Na Inglaterra, Williams não fez comentários. Em São Paulo, a família Senna, como de hábito, não se pronunciou.

Texto Anterior: Capoeirista pode ser campeão nacional se vencer etapa em PE
Próximo Texto: ENTENDA O CASO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.