São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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Metaleiro participa para 'protestar'

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL

Iuri Govorukhin, 19, vestia jaqueta de couro preto e botas pretas. Na cabeça, um lenço amarrado. "Sou um metaleiro comunista", afirmou ele. Assim como os religiosos, os roqueiros são os novos adeptos das manifestações neocomunistas. Na era soviética, eram perseguidos como "perigosa influência burguesa".
(JS)
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Folha - Como explicar a presença de metaleiros num ato de seus antigos adversários?
Iuri Govorukhin - É fácil. Devemos estar com quem protesta. Não ligamos para as idéias. O que importa é protestar.
Folha - Mas não é estranho participar de manifestações com neocomunistas e religiosos?
Govorukhin - Não ligo para quem está ao meu lado. Quero apenas mostrar minha revolta contra o atual governo.
Folha - O que você critica no governo?
Govorukhin - Tem pouca gente muito rica e muita gente muito pobre. Como eu.
Folha - Mas você não teme a chegada dos neocomunistas e uma eventual volta da censura?
Govorukhin - E daí? Pior do que está é impossível. E não importa quem está no poder. Nosso negócio é protestar.
Folha - Por que há poucos jovens nesta manifestação?
Govorukhin - Sei lá. Problema deles. Mas este pessoal aqui é bacana, eles gritam muito. Tem aposentado aqui que grita mais do que muito roqueiro.

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