São Paulo, sábado, 8 de novembro de 1997
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A CRISE NÃO PÁRA

Num primeiro momento, entre julho e outubro, falava-se em crise no Sudeste Asiático. Num segundo momento, iniciado com a queda na Bolsa de Hong Kong, o contágio deixou de ser uma possibilidade e as Américas foram contaminadas.
Com a crise na Coréia do Sul e a volta das pressões sobre os juros nos EUA, uma terceira fase da crise, mais dramática, pode estar começando.
A dívida externa coreana, entre outras bombas-relógio na Ásia, é a mais amplamente difundida na região e nos mercados globais.
O "efeito tequila" de 1994 veio depois de um ciclo de alta dos juros norte-americanos. A crise atual, entretanto, vinha sendo ao menos parcialmente moderada pela estabilidade e mesmo queda dos juros de longo prazo nos EUA. E, apesar do solavanco do dia 27, a Bolsa de Nova York vinha oscilando com menos violência e reduzindo as perdas.
Ontem, porém, voltaram os temores de repique inflacionário na economia norte-americana. Dois dias antes, o Banco da Inglaterra elevara seus juros, decisão que já havia sido adotada pelos bancos centrais europeus. A questão agora é saber se, diante de pressões inflacionárias e de altas de juros nas principais economias industrializadas, o banco central dos EUA continuará passivo.
O índice de desemprego nos EUA caiu para 4,7% no mês passado, o nível mais baixo desde 1973. A queda superou as expectativas do mercado.
Surpreendeu também o aumento maior que o previsto da hora trabalhada. São pressões inflacionárias, que podem levar o Fed a elevar os juros, freando o crescimento e, como decorrência, deprimindo as Bolsas.
A instabilidade financeira global é por ora o único motivo para o banco central dos EUA deixar intocados os juros. Mas até onde a lógica solidária vai sobrepor-se à missão maior do Fed, que é defender o dólar?
Aliás, a alta dos juros não é o único fator de risco capaz de agravar a crise nos centros da economia mundial, principalmente na Bolsa de Nova York. Os analistas estão cada vez mais conscientes dos impactos da tormenta asiática sobre as próprias empresas norte-americanas. Ou seja, à parte a questão dos juros, há motivos reais que poderiam novamente deprimir Wall Street.
A crise parece se agravar.

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