São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Time da elite do Paulista deve despencar

LUÍS CURRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas semanas após o Campeonato Paulista feminino perder uma equipe, o Paulista masculino também pode seguir rumo similar.
Há três meses sem receber salário, os atletas do Trianon Clube de Jacareí (68 km a leste de São Paulo) devem, a partir de amanhã, pressionar a diretoria para conseguir uma carta de liberação, deixar de jogar na equipe e já começar a procurar um clube para a disputa do Brasileiro, em janeiro.
"A proposta é absurda", diz o ala Luis Cambraia, 26. "Não aceitamos, e então disseram que irão nos demitir, mesmo tendo todos contrato de um ano."
Ele acrescentou que o jogo contra Rio Claro, ontem, seria "provavelmente nossa última partida".
Cambraia disse ainda que, mesmo com o atraso salarial, os atletas estariam dispostos a seguir jogando, enquanto não se encontrasse um patrocinador, e tentar classificar a equipe para o Brasileiro.
Os seis primeiros colocados no Paulista conseguem uma vaga. Até o início da rodada de ontem, o Trianon estava em quinto, com 25 pontos (nove vitórias e sete derrotas), atrás dos considerados "grandes" -Marathon/Franca, Polti-COC/Ribeirão, Report/Mogi e Banco Bandeirantes.
Mas, de acordo com Cambraia, a proposta, seguida pela ameaça de demissão, foi recebida como um "ultimato" pelos jogadores e acabou com as chances de dar continuidade à disputa do Paulista.
Com isso, o clube deve continuar a jogar com juvenis, e derrotas seguidas devem acontecer.
O vice-presidente da FPB (Federação Paulista de Basquete), Toni Chakmati, disse que, se a saída dos jogadores for confirmada, o Trianon pode ser eliminado do Paulista (leia texto abaixo).
O ala Douglas Leaman, 24, que morou e jogou por vários anos nos EUA, afirma estar "desanimado". "Não sei se volto para os EUA, se paro de jogar. O futuro está nas mãos de Deus. Vou pensar junto com minha família."
Ele tem parentes por parte de mãe em Recife (PE) e por parte do pai na Costa Oeste dos EUA.
O próximo passo, após deixar o clube, afirmaram atletas do Trianon, será acionar a Justiça para tentar receber o devido.
"Como não há mais diálogo, vamos conversar com nossos advogados e entrar na Justiça", disse o ala Márcio Dornelles, 21.
"Antes do campeonato, ia jogar em um grande time do Rio. Mas em Jacareí me prometeram salário, carro. Confiei, mas cometi um engano", disse Douglas.
Só quero saber quem é o culpado nisso tudo", acrescentou ele. "Nos EUA, enganar as pessoas é um crime muito grave."
"O clube e a cidade vão ficar queimados", afirmou Márcio.
O diretor do Trianon Claudio Fernandes, que trata dos assuntos ligados ao basquete, não foi localizado. A reportagem da Folha deixou cinco mensagens, pedindo contato, em seu telefone celular.

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