São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997
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Emissoras aprovam restrições

FREE-LANCE PARA A FOLHA; DA SUCURSAL RIO

A adoção de algum tipo de controle aos programas de TV obtém a aprovação imediata de executivos de duas emissoras de TV ouvidas pela Folha: Rubens Furtado, diretor-geral da Rede Bandeirantes, e Beth Carmona, diretora de programação da TV Cultura.
Ambos usaram palavras como "exagero" ou "abuso" para classificar o que a TV tem mostrado.
"Acho que deveria ser criado algo como o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) para as TVs. Mas sou contra um controle pelo governo, que acaba virando censura", afirma Rubens Furtado, 65.
Beth Carmona, 42, acredita que o país já está maduro para manter um "órgão fiscalizador" da televisão. "A sociedade brasileira se informa pela TV. É necessário algum controle", diz Beth.
Para o escritor Alcione Araújo, o controle poderia ser feito por um conselho de representantes das emissoras e pessoas ligadas a outras instituições.
"As emissoras estão preocupadas apenas com o aumento do faturamento e fazem qualquer coisa por isso. A TV deve produzir o entretenimento sem ameaçar os valores sociais", defende Araújo, autor de novelas como "A Idade da Loba".
Anticontrole
O apoio à proposta de controle dos programas de TV não é unânime entre as personalidades da mídia.
O dramaturgo Dias Gomes, também autor de novelas da Globo, classifica o controle como "censura".
"Lutei minha vida toda contra a censura. Não posso ser a favor de qualquer tipo de controle. O mal que a ausência da censura pode fazer é infinitamente menor do que a existência dela, quer seja do Estado ou das empresas", afirma.
Segundo Gomes, o apoio de 71% dos jovens ao controle é coerente. "Mostra que eles não passaram pelo período ditatorial."
O apresentador Carlos "Ratinho" Massa, 41, concorda. "O controle da TV é o controle remoto. Se começar assim, daqui a pouco vão querer censurar jornais e revistas", disse.

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