São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Povoado pobre usa energia solar na BA

Tudo é movido há dois meses pelo sistema

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIACHÃO DO JACUÍPE

Um projeto alternativo de energia implantado pela Prefeitura de Riachão do Jacuípe (183 km de Salvador, Bahia) está beneficiando cem moradores do povoado de São Francisco, um dos mais pobres do município.
Inaugurado há dois meses, o sistema comunitário de energia solar foi instalado a custo zero para os moradores e frequentadores de todos os 21 imóveis do povoado -18 residências, uma escola, uma igreja e um pequeno estabelecimento comercial.
Além de beneficiar os moradores, o sistema resolveu os três principais problemas de infra-estrutura do povoado -falta de iluminação pública, abastecimento de água e comunicação.
"Com a energia solar, conseguimos também implantar no povoado um sistema de telefonia celular rural", disse o secretário da Agricultura e Abastecimento de Riachão do Jacuípe , Antonio Roque Oliveira Carneiro, 36.
Desde a sua construção, em 1951, o povoado não era servido por energia elétrica. "A implantação da energia solar em São Francisco foi a melhor coisa que aconteceu no povoado em todos os tempos", disse o agricultor Fernando Pinheiro Barbosa, 37.
O prefeito de Riachão do Jacuípe, Herval Lima Campos (PL), 61, disse que investiu R$ 25 mil para pôr em funcionamento o sistema de energia solar.
Segundo o prefeito, a Coelba (Companhia de Eletricidade da Bahia) pediu R$ 150 mil para pôr energia elétrica no povoado, que fica a 27 quilômetros da sede do município. "Gastamos seis vezes menos e resolvemos o problema", disse o prefeito.
Em setembro, os técnicos da FK Energia Solar -empresa responsável pelo projeto- instalaram nos imóveis as placas e baterias, responsáveis pela captação e armazenamento da energia.
O sócio da FK Carlos Morais, 33, disse que as placas que captam energia têm garantia de 25 anos. "É preciso limpar as placas uma vez por mês para retirar a poeira, que pode impedir a penetração dos raios solares."
O kit básico -placa fotovoltaica de 48 watts, bateria e controlador de carga- permite o funcionamento, em cada casa, de seis lâmpadas, um televisor e um rádio. Os técnicos da FK também instalaram em cada imóvel um refletor para iluminação pública.
"Esse kit atende mais de 90% das reivindicações dos moradores do povoado", disse o secretário Oliveira Carneiro.
"Agora já não preciso dormir cedo por absoluta falta de opção", disse a professora Edna Solange Silva Santos, 26.
À noite, quase todos os moradores do povoado vão à escola para assistir à televisão. "Na escola, funciona o único aparelho em cores do povoado", disse a professora Edna Santos.
O secretário Oliveira Carneiro disse que, até o final do próximo ano, a prefeitura pretende levar energia solar para outros seis povoados, beneficiando cerca de 200 famílias.
"Com essa medida, estaremos levando desenvolvimento aos povoados e ajudando a fixar o homem no campo", disse o assessor de imprensa da prefeitura, João Loureiro dos Anjos, 38.

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