São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997 |
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Vereador paga a motorista mais do que recebe
MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
O motorista Walter Cardoso de Almeida ganha cerca de R$ 9.000 -mais que o dobro do salário do vereador que o emprega. "Ele é meu amigo de infância, é uma pessoa pela qual eu tenho uma estima muito grande, um carinho, e resolvi beneficiá-lo com isso", afirma Ivo Morganti. "Eu não vejo onde está o meu erro." Para o motorista, as gratificações e o salário são uma espécie de recompensa pelos serviços prestados na campanha. "Ele está me ajudando honestamente, eu tenho três filhos, tenho família", afirma Almeida. "Veja bem, a gente fez uma campanha sem dinheiro, sem receber um 'puto' sequer." Dinheiro público Além do salário líquido de R$ 3.720, cada um dos 55 vereadores tem direito a uma verba mensal de cerca de R$ 20 mil para distribuir como gratificação aos 18 funcionários indicados por gabinete, além da remuneração mensal que eles recebem. Essa verba é distribuída a critério de cada vereador e pode chegar a R$ 5.000 para um único funcionário. Segundo representantes de vários partidos, alguns vereadores oferecem as gratificações, mas exigem a devolução posterior. "No meu gabinete isso não acontece", afirma Morganti. "Se outros vereadores praticam isso, eu faço questão de não saber." Um líder de bancada comparou essa prática à contribuição de 30% que os vereadores do PT são obrigados a fazer ao partido. Almeida concorda que pode parecer estranho o fato de ganhar mais que o seu empregador. Ele também confirma que há casos na Câmara em que os funcionários são obrigados a devolver as gratificações, mas afirma que no gabinete de Morganti isso não acontece. Nepotismo Além do amigo motorista, o vereador Ivo Morganti emprega em seu gabinete a atual mulher, Rosana Duran, e a enteada Carmem. Ambas chegam a receber juntas cerca de R$ 10 mil por mês. "Se a sua mulher estiver na folha de pagamento por competência, isso fere a ética?", questiona Morganti. Também merecem salários e gratificações do município a filha (Angelina Basilio) e a sobrinha (Andréa) do administrador regional da Casa Verde, Eduardo Basilio, indicado por Morganti para o cargo. Os salários dos 990 funcionários de confiança da Câmara consomem mais de R$ 2,5 milhões mensais. As gratificações representam um gasto público de R$ 1,2 milhão. Texto Anterior: Domingo acaba em empate técnico Próximo Texto: Ações são éticas, diz Morganti Índice |
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