São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reforma não finalizada gera dúvida sobre ensino técnico

MARTA AVANCINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A ausência de regulamentação do novo formato do ensino técnico profissionalizante de segundo grau, que passa a vigorar a partir de 98, está gerando insegurança e dúvidas entre diretores de escolas, pais e alunos.
O novo formato, definido pelo decreto 2.208 de abril deste ano com base na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), desvincula o ensino técnico do regular. Isso significa que, se um aluno quiser obter um diploma de técnico, ele terá de cursar o segundo grau regular mais disciplinas técnicas referentes à habilitação desejada.
Atualmente, as escolas técnicas combinam, em um único currículo, as disciplinas de formação básica e as profissionalizantes.
O problema reside, sobretudo, na indefinição sobre o formato e as cargas horárias dos chamados módulos técnicos.
A regulamentação tem de ser feita pelo CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão ligado ao Ministério da Educação e do Desporto. Ainda não se sabe quando isso vai ocorrer de maneira definitiva.
Em consequência, cada escola está adotando critérios próprios para as grades curriculares das habilitações técnicas ou mesmo deixando de oferecê-las em 98, como é o caso da Escola Técnica Federal de São Paulo.
"Abrimos inscrições apenas para o curso médio regular. Quem quiser cursar o técnico apenas vai poder fazer a partir do segundo ano", explica a assessora pedagógica da escola, Carmen Monteiro Fernandes, 37.
Segundo ela, a primeira série será dedicada à formação geral, o que inclui algumas disciplinas que poderão ser aproveitadas para a formação técnica posterior.
Mas os critérios de transição dos alunos que quiserem passar do segundo grau regular para o técnico na Federal de São Paulo ainda estão sendo estudados.
"É uma irresponsabilidade. Os próprios órgãos do governo, como as Delegacias de Ensino, não sabem nos informar como proceder", afirma Edgard Dal Molin Junior, 41, diretor do Cotuca (Colégio Técnico da Unicamp), sediado em Campinas (SP).
Além da indefinição quanto à grade curricular, o diretor do Cotuca vê o risco de aumento da carga horária dos professores.
Parecer do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, a maior rede de escolas técnicas de São Paulo, diz que "não é dado conhecer o impacto orçamentário da implantação desta proposta" no que se refere a recursos humanos e materiais.

Texto Anterior: Linha de Furnas volta a funcionar
Próximo Texto: CNE promete regras logo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.