São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 1997
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Jason Bonhan preserva o legado de seu pai

IVAN MIZIARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não deve ser fácil ser filho do maior baterista da história do rock. Mas Jason Bonham usa o legado deixado por John "Bonzo" Bonham, o homem que cuidava das baquetas do Led Zeppelin, a seu favor e faz questão absoluta de carregar, por onde passa, a lenda que cerca seu sobrenome.
Desde os 17 anos na estrada, quando fundou seu primeiro grupo, o Air Force, Jason lança agora "In the Name of My Father". O disco-tributo traz apenas grandes clássicos do Zep, como "The Rain Song" e "Whole Lotta Love", e foi gravado "ao vivo".
Em entrevista à Folha, Jason falou dos objetivos do álbum (que tem renda revertida para o The John Bonham Memorial Motorcycle Camp Of Kids) e revelou facetas desconhecidas do pai.
Abaixo, os principais trechos da conversa.

*
Folha - Por que você resolveu gravar esse disco?
Jason Bonham - Não houve motivo especial. Estávamos ensaiando no estúdio e resolvemos tocar canções do Led Zeppelin, por diversão. A idéia de prestar uma homenagem a meu pai não foi premeditada, como muitos pensam. A renda será revertida para uma associação filantrópica.
Folha - Por que "ao vivo"?
JB - Também foi por acidente. Conforme tocávamos no estúdio, o engenheiro de som apertava o "record" e pronto.
Folha - Houve algum critério na escolha das canções?
JB - Nenhum. Tocamos apenas as que nós mais gostamos.
Folha - Então por que não incluir "Moby Dick", com o famoso solo de bateria? Você tem medo de comparações com seu pai?
JB - Isso não me preocupa. Aprendi a tocar bateria com ele, e seu maior ensinamento era que se deve tocar com amor e emoção. Procuro seguir essa regra à risca, mas o solo de "Moby Dick" (até já toquei algumas vezes) é quase impossível de ser reproduzido.
Folha - Você não acha suas regravações reverentes demais?
JB - Acho que todos amam essas músicas do jeito que foram feitas. Não há motivo para mudar.
Folha - Como era "Bonzo" Bonham em casa, na intimidade?
JB - Era um pai muito legal. Quando estava sóbrio, gostava de ler histórias de ninar e tinha prazer em curtir os filhos. Ele morreu quando eu tinha 14 anos.
Folha - Ainda é possível uma reunião entre o Led Zeppelin e você, Page, Plant e John Paul Jones? Há algum projeto nesse sentido?
JB - Não que eu saiba. A última vez que tocamos juntos foi em 94.
Folha - O que você espera do Brasil? Qual será o repertório?
JB - Vamos tocar músicas de meus outros discos e, lógico, do Led. Devemos abrir com "Immigrant Song". Acho que vai ser legal porque, afinal, meu pai nunca esteve na América do Sul, quem sabe eu possa preencher um pouco dessa lacuna.

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