São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Custo do pacote para pessoas físicas é de pelo menos R$ 3 bi, diz economista

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Será de um mínimo de R$ 3,16 bilhões o tamanho da conta a ser paga pelas pessoas físicas dentro do pacote fiscal anunciado pelo governo ontem. O valor não inclui a redução da isenção dos produtos de free shops.
Como um todo, incluindo também pessoas jurídicas e servidores públicos, o pacote implica uma conta de R$ 8,65 bilhões para a sociedade brasileira.
Esse valor representa 16% dos quase R$ 20 bilhões que o governo pretende ganhar com as medidas adotadas. A previsão é do economista-chefe do Banco Pontual, Carlos Guzzo.
O conjunto de medidas adotadas pelo governo têm duas frentes básicas. De um lado, haverá um corte geral de despesas no setor público. De outro, haverá um esforço para elevar a receita do governo, sua arrecadação.
Para chegar à soma do que será pago pela população diretamente, Guzzo considerou um ganho de R$ 1,2 bilhão em função do aumento do Imposto de Renda a ser pago pela pessoa física.
O pacote criou um adicional de 10% a ser pago pelas pessoas físicas, que incidirá sobre a renda de 98 e 99. Não vale para 97.
Além da receita maior do IR, o economista do Pontual somou mais R$ 1,16 bilhão em função da elevação temporária dos preços dos derivados de petróleo e álcool.
Por último, Carlos Guzzo considerou que a receita de R$ 800 milhões que o governo pretende arrecadar com a elevação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sairá do bolso dos consumidores.
"A indústria deve repassar o aumento desse imposto para o consumidor", diz Guzzo.
Segundo ele, esses são apenas os custos diretos que recairão sobre as pessoas físicas.
"Além disso, as demissões do setor público terão o efeito de reduzir a renda geral da população e a redução de investimentos deverá gerar desemprego".
Guzzo avalia que o custo para a população é "considerável, já que a sociedade já está arcando também com a elevação dos juros".
Apesar disso, o economista não considera exagerada a parcela que caberá à população nesse ajuste.
"É o preço a ser pago pela estabilidade. O pacote foi bem distribuído e afetará o governo, as estatais e as empresas também", diz.
A conta de R$ 3,16 bilhões não inclui ainda o aumento da tarifa de embarque internacional. O pacote elevou a tarifa de embarque de US$ 18 para US$ 90.
Outro "custo" que recairá apenas sobre uma pequena parte da população é a redução do limite de isenção nas compras em free shops de US$ 500 para US$ 300.

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