São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Grupo usa bicicleta para sequestrar balsa

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo sequestrou ontem a balsa Santos-Guarujá, roubou R$ 495,1 mil de um carro-forte e feriu três vigilantes da Prosegur/Brasil. Armada com fuzis, a quadrilha chegou em bicicletas e fugiu num barco pelo estuário de Santos (72 km a sudeste de São Paulo).
A ação dos seis assaltantes começou pouco antes das 8h. O blindado da Prosegur entrou na balsa levando 16 malotes de dinheiro que seriam distribuídos a bancos do Guarujá. Quatro vigilantes estavam no interior do veículo.
Os ladrões chegaram à balsa com cinco bicicletas -três mountain bikes e duas femininas pintadas de lilás e de rosa. Eles levavam mochilas de viagem. No interior delas, os fuzis FAL-FN, calibre 7,62 mm. Para disfarçar o volume das armas, também levavam travesseiros dentro das bolsas.
Segundo testemunhas, a balsa estava lotada. Ela partiu do atracadouro levando cerca de 50 veículos. Pouco depois da saída, os assaltantes vestiram capuzes pretos, largaram as bicicletas, pegaram os fuzis e se dividiram.
Pulando sobre os capôs dos carros, dois chegaram à torre de controle da balsa. Eles entraram na cabine e dominaram o mestre Isauri Martins, que conduzia a embarcação. Ao mesmo tempo, outros dois alcançaram o capô do carro-forte da Prosegur.
Baleados
As balas perfuraram o aço e acertaram os seguranças. Vilson Fernando da Silva, 35, foi atingido por uma bala no abdômen. Amaro Silva Filho, 40, chefe da equipe do blindado, recebeu um tiro que entrou pelo ombro esquerdo e saiu pelo braço.
O motorista Normando Costa, 39, foi ferido num dos calcanhares por estilhaços dos disparos.
Vendo os colegas baleados, o vigia Raimundo Batista dos Santos, 30, abriu a porta traseira do carro-forte e saiu do veículo se arrastando. Disse que sacou o revólver calibre 38, mas acabou surpreendido pelo quinto ladrão.
O assaltante apontou-lhe o fuzil para a cabeça, mandando que ficasse quieto, e o desarmou.
Em seguida, o ladrão entrou no cofre do blindado. Ele apanhava os malotes e passava aos companheiros que estavam sobre os capôs dos outros carros.
Um a um, os malotes passaram de mão em mão até serem amontoados num dos lados da embarcação. Os motoristas dos carros assistiram ao roubo sem poder sair de seus veículos.
Nesse momento, aproximou-se da balsa um barco cinza, de alumínio, que usava motor de popa e que era semelhante a uma chata. Nele estava o sexto assaltante.
Seus companheiros obrigaram o mestre a mudar o rumo da balsa, levando-a em direção ao canal onde está o Iate Clube de Santos, no Guarujá (87 km a sudeste de São Paulo). Antes de chegar àquele clube, os ladrões pararam a embarcação.
Então, transferiram os malotes com o dinheiro, deixaram a balsa e fugiram no barco pelo estuário de Santos, em direção a Vicente de Carvalho, distrito do Guarujá. Além do dinheiro, levaram dois revólveres calibre 38 dos vigias.
UTI
Após a fuga, os vigilantes feridos foram levados ao Hospital Santo Amaro, em Santos. Vilson da Silva foi operado e permanecia na UTI até as 19h. Os dois outros vigilantes foram medicados e liberados no começo da tarde.
Nenhuma das testemunhas que estavam na balsa conseguiu se lembrar dos rostos dos assaltantes. A quadrilha deixou na embarcação as cinco bicicletas, as mochilas, os travesseiros, 19 balas e três recarregadores de fuzil.

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