São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997 |
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PM fica na USP por tempo indeterminado
OTÁVIO CABRAL
A decisão foi tomada ontem, em acordo firmado entre a reitoria da universidade e o comando do 16º Batalhão da Polícia Militar. A PM está cuidando da segurança da USP desde sexta-feira. A medida foi tomada após o protesto de moradores da favela São Remo, que fica dentro da Cidade Universitária, contra a morte do estudante Daniel Pereira de Araújo, 15. Daniel foi encontrado morto na raia olímpica da USP na madrugada de quarta-feira. Familiares e moradores da favela acusam guardas universitários pela morte. No protesto, ocorrido na sexta-feira, duas cabines da guarda universitária foram incendiadas, prédios e ônibus, depredados, e um muro que separa a favela do campus, derrubado. Inicialmente, a PM ficaria no campus apenas até as 12h de ontem. Mas, a pedido da reitoria, a presença foi prolongada. Segundo Ruy de Campos Pereira da Silva, assessor da prefeitura da Cidade Universitária, a reitoria pediu a presença da PM porque os guardas universitários não têm condições de segurança para trabalhar. "Eles estão sendo hostilizados pela população. Seria um risco deixá-los trabalhar normalmente", afirmou. "Como o campus não pode ficar sem segurança, pedimos a presença da PM." Devido à autonomia universitária, a polícia só podia entrar no campus com autorização do reitor. Desde novembro passado, um acordo entre a PM e a reitoria previa a presença constante de quatro policiais. Desde sexta-feira, o número de policiais na USP aumentou para 25. Segundo Pereira da Silva, a maioria dos 60 guardas universitários estão afastados temporariamente do serviço. Apenas o corpo feminino da guarda, com 12 mulheres, está trabalhando em postos fixos. Os carros e motos da guarda também estão parados. Os ônibus circulares e carros de serviço da USP, que não funcionaram na sexta-feira devido à depredação, voltaram a circular ontem. Entidades de professores, alunos e funcionários da universidade são contra a presença da PM no campus. Para Claudionor Brandão, diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), a reitoria está usando o protesto como desculpa para a militarização da USP. Para ele, a universidade precisa de seguranças civis, preventivos e orientadores. "A PM é repressiva, o que contraria tudo que queremos para a universidade." Depoimento O depoimento de quatro adolescentes que estavam com Daniel na raia olímpica e afirmam ter sido agredidos pelos guardas universitários, que aconteceria ontem no 93º DP (Jaguaré), foi adiado para hoje de manhã. A sessão de reconhecimento dos seguranças pelos adolescentes deve acontecer apenas na semana que vem. O advogado Luiz de Paula Santos, contratado pela família de Daniel, afirmou que, caso o laudo aponte que Daniel foi assassinado ou agredido por seguranças, irá processar a USP. Texto Anterior: Nova via expressa do Rio não tem lentidão Próximo Texto: 7,6 mil tentam regularização de armas ilegais em SP e no Rio Índice |
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