São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Infarto pode estar relacionado a depressão

NOELLY RUSSO
ENVIADA ESPECIAL A ORLANDO

Um estudo feito por médicos do Hospital Albert Einstein em Nova York aponta a depressão como possível fator de risco para infarto e problemas cardíacos em geral.
Os pacientes sofriam de hipertensão leve e nunca tinham sofrido infartos. Quando a hipertensão foi diagnosticada, 5.687 pacientes concordaram em responder a um questionário em que diziam se haviam sofrido de depressão.
Essas pessoas foram acompanhadas durante quatro anos e meio. Quando a equipe analisou os dados, 5,4% se declararam deprimidos. Desses, 3,9% eram homens e 7,9% mulheres. Houve 119 casos de problemas cardíacos, desses 14% ocorreram entre as pessoas que diziam ter tido depressão e 6% estavam entre os não-deprimidos.
"Ainda é cedo para determinar se há causas biológicas ligando a depressão a infartos ou problemas cardíacos. Não há estudos ligando aspectos biológicos da depressão já conhecidos e eventuais efeitos no coração. Isso ainda precisa ser estudado. Mas existe a indicação de que a depressão, no mínimo, aumenta o risco", diz Hillel Cohen, coordenador da pesquisa.
Segundo ele, o dobro de mulheres teve infartos em relação ao número de homens. "A literatura mostra que mulheres tendem a apresentar mais quadros depressivos que homens. Por outro lado, os homens ainda são mais vítimas de infartos que mulheres."
Cohen diz que novos estudos serão necessários antes de relacionar uma doença à outra. "Esses estudos vão ajudar a conhecer melhor os dois problemas."
Outro estudo, feito pela Universidade Johns Hopkins (Baltimore) demonstra que a depressão pode estar relacionada à maior mortalidade em pacientes que sofreram infarto. A equipe que fez a pesquisa analisou o comportamento de 144 pacientes que foram internados por problemas cardíacos.
Segundo Roy Ziegelstein, da equipe de pesquisadores, os pacientes foram acompanhados por dois dias, em princípio para determinar eventuais quadros depressivos no pós-operatório.
"Nessa fase é comum o aparecimento de depressão. Essas pessoas estavam doentes, sofreram o impacto do hospital etc. Depois de quatro meses, 23,8% delas apresentavam sintomas de depressão mais séria", diz ele.
Além disso, esse mesmo grupo foi o que apresentou as maiores taxas de mortalidade depois do infarto. Segundo ele, uma das conclusões é que esses pacientes, por estarem deprimidos, seguiram com menos cuidado as orientações médicas. "Alguns podem até nem ter seguido as recomendações por estar ainda em um estado depressivo. Nesse caso, a depressão poderia aumentar o risco de morte em infartados."

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