São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Bancos e fundos externos reagem com cautela e pedem reformas

ANTONIO CARLOS SEIDL
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO

ANTONIO CARLOS SEIDL; CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Investidores prevêem que economia brasileira vai crescer 2% no máximo em 1998

Bancos e investidores estrangeiros reagiram de forma cautelosa ao pacote fiscal anunciado ontem pelo governo brasileiro.
Um dos poucos que criticaram duramente as medidas foi Mark Mobius, que administra o Templeton Emerging Markets Group, com um patrimônio de US$ 14 bilhões.
O Brasil precisa de ações mais dramáticas do que o pacote de ontem, disse ele à uma agência.
Ele afirmou o Brasil deveria apressar o processo de privatização -o que aumentaria rapidamente a confiança externo no país.
"Francamente, não acho que (o pacote) seja suficiente. Não acho que as medidas terão impacto a curto prazo", disse. "Curto prazo é já. Eles têm que conseguir resultados imediatamente, não em seis meses, não em um ano."
Economistas de bancos de investimento acharam, ao contrário, que o pacote foi mais "forte" do que esperavam. Para eles, as medidas vão fortalecer a defesa do real contra ataques especulativos, mas reduzirão o crescimento da economia para apenas 2% em 1998.
Peter West, economista do BBV (Banco Bilbao Viscaya) Latin Invest, de Londres, disse que o pacote não garantirá um equilíbrio fiscal duradouro, se não for acompanhado de reformas constitucionais.
Para West, o pacote é "forte", pelo menos no papel, e vai ajudar a acalmar os nervos dos investidores estrangeiros. O BBV Latin Invest reduziu a sua estimativa de crescimento do PIB para uma taxa entre 1% e 1,5% em 98.
Gustavo Casonero, economista do banco de investimentos norte-americano Salomon Brothers, de Nova York, disse que o pacote fiscal foi mais profundo do que o mercado esperava. O banco reduziu sua estimativa de crescimento do PIB de 3,7% para 2%.
Isaac Tabor, do banco de investimentos West Merchant Bank, de Londres, disse que como pacote de emergência é muito bom, mas não é palavra final em reforma fiscal no Brasil.
"É pouco para produzir um orçamento equilibrado, mas mostra que o Brasil está disposto, finalmente, a atacar o problema do desajuste fiscal".
As medidas não são suficientemente drásticas para causar uma recessão, afirmou, mas vão reduzir o crescimento para 2%.
"Fizeram no fim de semana o que deveriam ter feito ao longo dos últimos três anos", acrescentou.
Já dois fundos estrangeiros que investem parte de seus recursos nas Bolsas de países emergentes disseram que ainda não haviam mudado sua orientação nossa orientação sobre ações brasileiras: "Não estamos vendendo nem comprando", resumiu um deles.
Fabricantes de produtos eletroeletrônicos devem, por exemplo, enfrentar um período de "vacas magras", como disse um deles, com vendas e lucros menores. "Para vender, empresas vão reduzir ainda mais sua margem de lucratividade".

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