São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Escudo humano faz defesa de Saddam

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Centenas de homens, mulheres e crianças instalaram-se no palácio presidencial de Bagdá para servir de escudo humano para o presidente Saddam Hussein.
"Com nosso sangue e nossas almas nós o defenderemos, Saddam", gritava a multidão.
O movimento ocorreu depois que um U-2, avião espião dos EUA, sobrevoou o Iraque ontem em busca de depósitos ou fábricas de armamentos proibidos.
Os iraquianos temem ataques aéreos depois do vôo do avião espião. Segundo o governo iraquiano, foram aviões U-2 que escolheram os alvos para ataques de mísseis da Marinha americana realizados em junho de 93 e setembro de 96.
Os ataques ocorreram, segundo Bagdá, poucos dias depois dos vôos de U-2.
Ontem, não houve incidentes, apesar das ameaças do Iraque de derrubar aviões espiões dos EUA em seu território.
O avião voou em grande altitude, fora do alcance das armas de defesa antiaérea do Iraque. Ele decolou da Arábia Saudita carregando material eletrônico para detectar mísseis disparados contra si, mas estava desarmado, segundo o comando geral da Otan.
O U-2 foi monitorado por outros aviões, que voavam sobre as áreas de exclusão aérea estabelecidas pela ONU no sul e norte do Iraque.
O U-2 desempenhou o mais recente ato na série de incidentes envolvendo o Iraque e os EUA por causa da verificação do arsenal iraquiano pela ONU.
O Iraque está sob sanções econômicas impostas pela ONU desde que o país invadiu o Kuait, em 90. As sanções só serão levantadas quando o Iraque demonstrar que destruiu todo o seu arsenal de armas químicas e biológicas e toda a sua capacidade de produzir armamentos de destruição em massa -incluindo ogivas nucleares.
O Iraque acusa os EUA de manipularem a Unscom -comissão especial da ONU encarregada da vigilância dos arsenais iraquianos- para manterem o Iraque sob embargo.
A atual série de enfrentamentos entre Iraque, a missão de vigilância e os EUA começaram em setembro, quando a comissão denunciou em relatório que o governo iraquiano atrapalhava o trabalho dos inspetores.
O Iraque decidiu expulsar do país os inspetores americanos a serviço da ONU, acusando-os de estarem trabalhando para os EUA, não para a ONU. Os EUA ameaçaram ação militar, proposta não aceita pela França e pela Rússia, membros com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU.
O vôo com o U-2 foi decidido pela ONU no início de novembro. O Iraque ameaçou derrubar os aparelhos por não considerar que eles façam parte da missão de vigilância da ONU.
Segundo os meios de comunicação do Iraque, totalmente controlados pelo governo, houve ontem um grande aumento no número de alistamento voluntário para os "Defensores de Saddam", guarda pretoriana do presidente comandada, desde o início da atual crise, pelo seu filho mais velho, Udai.

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