São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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Calote da prefeitura provoca protestos

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os reflexos da crise financeira da Prefeitura de São Paulo já chegam às ruas. Foram realizados ontem dois protestos em decorrência da falta de pagamento a empresas que prestam serviços ao município -nos setores de saúde e de obras.
A prefeitura vem recorrendo sistematicamente a pequenos empréstimos bancários, oferecendo como garantia a arrecadação dos impostos de 98.
Até ontem, foram obtidos R$ 106 milhões por meio de empréstimos vinculados à antecipação da receita orçamentária.
Além disso, Pitta tomou emprestado R$ 410 milhões do Iprem (Instituto de Previdência do Município) com autorização de um conselho de quatro membros indicados pela própria prefeitura -três subordinados ao secretário José Antonio de Freitas (Finanças) e um ao secretário Edvaldo Brito (Negócios Jurídicos).
Paralisação
A política de contenção de gastos decretada a partir do segundo semestre pelo prefeito Celso Pitta, com o agravamento da crise financeira, levou ao adiamento de seus principais projetos de governo.
A proposta orçamentária de 98, submetida à apreciação da Câmara, deixa claro que em São Paulo o ano administrativo encerrou meses antes do ano cronológico.
Até dezembro, a prefeitura pretende apenas manter os serviços essenciais e priorizar o trabalho emergencial antienchente. O resto dos compromissos é empurrado para o próximo ano.
Pitta interrompeu ou nem sequer iniciou várias das propostas apresentadas durante a campanha eleitoral e depois da posse. É o caso, por exemplo, do fura-fila e dos corredores exclusivos de ônibus, que não saíram do papel em 97.
Em Educação, Pitta promete para 98 a construção de 13 das 27 escolas de primeiro grau já previstas no Orçamento deste ano. Anuncia ainda a construção de 34 das 41 escolas de educação infantil previstas e não iniciadas.
Crianças
Na pasta de Família e Bem-Estar Social, Pitta também repete a promessa deste ano e anuncia a construção das mesmas 43 creches.
Com uma receita 55% maior do que a disponível para o setor no próximo ano, Pitta usou em 97 apenas 13,61% do dinheiro previsto em reforma e construção.
Na assistência à criança e ao adolescente, investiu 29% do prometido. No atendimento ao portador de deficiência, aplicou 6,92%. A terceira idade ficou com 16,48%.
Houve uma desaceleração drástica nos investimentos a partir do segundo semestre. Em Habitação, por exemplo, os recursos baixaram 35%. O corte foi maior (cerca de 43%) nas secretarias da Família e Bem-Estar Social, de Esportes e Lazer e do Verde e Meio Ambiente.

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