São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise agora é planetária

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Já que a exuberância se foi, fica a irracionalidade. Ontem, conversando com um alto executivo de um dos maiores bancos do país, ouvi como última saída seguir o exemplo de Dunga, o jogador de futebol: darmo-nos as mãos e rezar.
A Standard & Poor's reconheceu ontem que se trata de uma crise global. Pela primeira vez uma importante instituição de avaliação de riscos admitiu que não se trata apenas de problemas em mercados emergentes, mas que algumas instituições financeiras de porte global estão sendo abaladas.
A responsável por papéis latinos da União de Bancos Suíços, Lucia Skwarek, anunciou ontem que a fuga é generalizada. Simplesmente não há compradores querendo correr algum risco, seja latino, asiático ou russo. Mas se o colapso é generalizado, então a turbulência afeta todo o sistema.
A novidade de ontem é o reconhecimento de que o comportamento "serial killer" dos mercados não apenas entrou em trajetória de parafuso, mas que os riscos podem afetar as mais importantes instituições financeiras do planeta.
Alguns ficam de olho na Coréia, enquanto no México os efeitos da Bovespa explicam mais um rodopio, que outros atribuem à Ásia. O nome do jogo é vertigem.
A pergunta que aos poucos se torna mais clara, entretanto, não é mais de caráter regional. Sai de cena a avaliação caso a caso e começam as avaliações do "risco sistêmico": se todos fogem ao mesmo tempo, não há para onde fugir.
Uma coisa é o ricochete, outra é a reação em cadeia que leva a um colapso praticamente simultâneo de todos os mercados. Nesse mundo nada é causa de nada. Já não existe "bola da vez" quando o campo todo está minado e a torcida abandona o espetáculo.

Texto Anterior: Wall Street segue outras Bolsas e fecha pregão com baixa de 2,08%
Próximo Texto: Fed decide manter as taxas de juros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.