São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Brasil preocupa multinacionais dos EUA

CLÁUDIA PIRES
DE NOVA YORK

A turbulência do mercado financeiro no Brasil nas últimas semanas deve afetar o plano de investimentos de multinacionais norte-americanas para o país em 1998.
Os principais cortes devem ser feitos pelas indústrias automobilísticas. Companhias como a General Motors e a Ford, por exemplo, estão reduzindo suas expectativas de crescimento e expansão no mercado brasileiro.
O Brasil é um dos principais mercados para as indústrias automobilísticas americanas. Só para a GM, representou 25% dos lucros totais nos últimos cinco anos.
No início de 97, a empresa projetava lançar um novo carro no país a cada dois meses e triplicar a produção anual em cinco anos.
Segundo a diretoria das montadoras em Detroit (EUA), porém, ainda é cedo para prever uma redução ou corte de investimentos. Mas algumas companhias como a Ford, por exemplo, já estão prevendo uma redução de aproximadamente 4% nas projeções de crescimento para o Brasil em 98.
"Essas empresas devem esperar até o final do ano para tomar grandes decisões, mas vão evitar fazer novos investimentos neste ano", afirma o analista Gustavo Canonere, vice-presidente para investimentos latino-americanos da Salomon Brothers.
Para ele, apesar das medidas tomadas pelo governo brasileiro terem sido bem aceitas pelos investidores internacionais, as grandes companhias já estão adotando uma atitude de cautela em relação ao Brasil. "As medidas foram corretas e deram credibilidade ao governo. Mas a grande dúvida é saber até quando o país poderia resistir às pressões em seu mercado".
Segundo reportagem publicada ontem pelo "The Wall Street Journal", outras companhias multinacionais como McDonald's, BellSouth e Caterpillar também estão revendo investimentos para os próximos meses. De acordo com o "Wall Street", os investimentos dessas empresas no país tiveram crescimento recorde nos últimos cinco anos. De 1992 até 1997, o total investido anualmente no Brasil passou de cerca de US$ 1 bilhão para US$ 16 bilhões.
Já para o analista de mercados emergentes Carlos Guimarães, da Lehman Brothers, é preciso separar o investidores de longo prazo do investidor do mercado de ações. "Essas companhias multinacionais projetam investimentos de longo prazo. Essa redução de investimento não será feita de uma hora para outra".

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