São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Cinturões

EDUARDO OHATA

Durante seu primeiro reinado como campeão mundial dos pesos pesados, na década de 80, um dos maiores prazeres de Mike Tyson era subir ao ringue envolto em seus três cinturões.
Ao assistir aquela cena, muitos se perguntavam: qual a origem dos cinturões?
O bareknucler (lutador de punhos nus) inglês Tom Cribb foi o primeiro a receber um cinturão, em 1811, após surrar Tom Molineaux (um ex-escravo). O cinturão que recebeu, do rei George 3º, porém, era muito diferente dos atuais: confeccionado com pele de leão, era enfeitado com as garras do animal.
Um cinturão fez sua primeira aparição na América quando Richard K. Fox, inimigo do campeão John L. Sullivan, presenteou "seu campeão", Paddy Ryan, com um cinturão. Os admiradores de Sullivan, irritados, fabricaram uma peça ainda maior e mais cara (US$ 10 mil, contra US$ 5.000 daquela com a qual Ryan foi presenteado). "Comparado ao meu, o cinturão de Fox é como uma coleirinha de cachorro", observou, orgulhoso, Sullivan.
Com o passar dos anos, os cinturões, agora oferecidos pelos organismos que controlam o esporte, passaram a ser acessórios obrigatórios nos guarda-roupas de todos campeões. A desorganização das entidades, porém, provoca situações ridículas.
Após ser nocauteado por Kostya Tszyu, em 1995, Jake Rodrigues ainda foi obrigado a emprestar seu cinturão ao adversário para as tradicionais fotografias, pois a Federação Internacional não dispunha de uma peça sobressalente. Frankie Randall, primeiro a vencer o legendário Júlio César Chávez, esperou meses até receber o cinturão da Associação Mundial.
Se, há alguns anos, um cinturão era sinônimo de status, a recente multiplicação de entidades diluiu a importância dos cinturões. Agora, sua aparente utilidade é a mais comum: apenas segurar as calças dos lutadores para que não caiam.

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