São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Londres revê financiamento eleitoral

IRINEU MACHADO
DE LONDRES

O Parlamento britânico começou ontem a discutir mudanças no financiamento de partidos políticos e campanhas eleitorais, depois de denúncias de que o governo de Tony Blair teria favorecido doadores de sua campanha eleitoral.
A necessidade de leis ou sistemas de controle sobre financiamento dos partidos foi sugerida pelo premiê Tony Blair (Partido Trabalhista) como resposta ao primeiro grande escândalo do seu governo.
Blair assumiu em maio, depois de derrotar nas eleições o Partido Conservador, que governava o país desde 1979.
A crise começou quando a imprensa britânica revelou que o Partido Trabalhista recebeu em janeiro (quatro meses antes da eleição) uma doação de US$ 1,7 milhão de Bernie Ecclestone, principal dirigente da Fórmula 1.
Sem confirmar a quantia, o governo anunciou que devolverá a doação. A legislação britânica atual não impõe limites para doações a partidos. A acusação contra os trabalhistas é de que a doação de Ecclestone teria influenciado a decisão do governo de isentar o automobilismo da proibição de patrocínio das indústrias de cigarros.
O ministro do Interior, Jack Straw, anunciou ontem planos para estabelecer limites às doações.
Blair pediu à Comissão de Padrões da Vida Pública (órgão que atua como uma espécie de ombudsman do governo) que apure o financiamento dos partidos e faça um relatório em meados de 1998.
O premiê chegou a sugerir que as campanhas sejam financiadas só com o dinheiro público. Segundo analistas políticos, a possibilidade de isso ocorrer é pequena.
Entre as medidas mais prováveis está a fixação de um limite de US$ 8.500 para doações, acima do qual toda doação e sua fonte teriam que se tornar de conhecimento público. Também espera-se a proibição de doações estrangeiras aos partidos políticos.

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