São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Caso Iara só deve ser julgado dia 4

União pode ser responsabilizada por morte

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão sobre a responsabilidade ou não da União na morte da ativista política Iara Iavelberg, em 1971, em Salvador (BA), só deverá ser conhecida no próximo dia 4 de dezembro.
Integrante de grupos armados que atuavam contra o regime militar (1964-1985), Iara morreu durante cerco policial ao seu apartamento. A polícia diz que ela se suicidou, mas há suspeitas de que ela tenha sido assassinada. A Folha publicou há duas semanas cópia de rascunho de autópsia feita em seu corpo. O legista Charles Pittex, já morto, coloca um ponto de interrogação na palavra "suicídio". O texto final da autópsia está sumido.
O julgamento será feito pela comissão do governo que analisa pedidos de indenizações para familiares de mortos e desaparecidos. Marcada para anteontem, a reunião foi adiada porque relatores não haviam concluído os trabalhos dos últimos 15 casos.
O relatório sobre Iara será feito por Suzana Lisboa, representante dos familiares na comissão. Ela já decidiu que pedirá a responsabilização da União por mais essa morte. Já foram acolhidos 277 pedidos de indenização.
O caso também está dividindo a comunidade judaica de São Paulo. Judia, Iara foi sepultada na área reservada aos suicidas do Cemitério Israelita de São Paulo. Sua família quer a exumação do corpo, mas rabinos responsáveis pelo cemitério alegam que as leis judaicas proíbem essa medida.
A família entrou com recurso na Justiça para obrigar a exumação. Tem o apoio de rabinos considerados liberais, como Henry Sobel. Ele acha que o caso deve ser considerado uma "exceção", porque se trata de "restaurar a dignidade de uma pessoa que foi enterrada como criminosa".

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