São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
Texto Anterior | Índice

Arcebispo pode ser indiciado pela PF

D. Carvalheira vai depor em inquérito

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Superintendência da Polícia Federal da Paraíba decidiu convocar o arcebispo de João Pessoa, d. Marcelo Carvalheira, para depor no inquérito que investiga denúncias de incentivo à violência e a invasões de terra por parte do padre italiano Luigi Pescarmona, 60.
Segundo a assessoria de imprensa da PF da Paraíba, o superintendente do órgão no Estado, Antônio Toscano, não afasta a possibilidade de indiciar o bispo no processo, caso sejam encontradas provas de sua participação nas invasões.
A PF solicitou, no mês passado, a abertura de um processo administrativo para expulsar o padre Pescarmona do país. Ele é coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra) em Guarabira (46 km de João Pessoa).
A PF acusa o padre de "patrocinar ações armadas durante invasões de terra, tentar mudar a ordem pública com violência e incentivar a luta violenta entre as classes".
No último dia 30, o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Raymundo Damasceno Assis, manteve audiência com o ministro da Justiça, Iris Rezende, para tratar do processo.
O ministro afirmou ao bispo que mandou suspender o processo de expulsão do padre Pescarmona até que seja concluído o inquérito policial que investiga as denúncias de incentivo à violência.
O arcebispo d. Marcelo Carvalheira está em Roma, onde participa a partir de domingo do Sínodo dos Bispos da América, que reunirá religiosos de todo o continente.
Em carta enviada ao Brasil, ele afirmou que a ação da igreja na Paraíba junto aos sem-terra é "contra a violência". "Sem essa sincera solidariedade com os oprimidos, a Paraíba já teria pegado fogo", disse.

Texto Anterior: Agricultores podem parar Marabá hoje
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.