São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Famílias pedem relatório sobre acidente em 94

Corpos de militares são exumados

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Famílias de militares mortos no acidente com um Hércules da FAB (Força Aérea Brasileira) em 1994 vão requisitar oficialmente ao Ministério da Aeronáutica a divulgação do relatório com as causas do acidente.
Ontem, a família do mecânico de vôo e primeiro-sargento Paulo Saens, morto no acidente, abriu o caixão dele e transferiu os ossos para um jazigo particular. Os ossos estavam num jazigo alugado pela Aeronáutica no cemitério de Irajá (zona norte).
Fernanda Saens, filha do mecânico, coletou dentes e cabelos encontrados no caixão e quer um exame de DNA (ácido desoxirribonucléico, que contém o código genético) para saber se o corpo é mesmo o de seu pai.
"A gente nunca viu o corpo, hoje abre o caixão e vê tudo quebrado. Para nós faz muita diferença saber se o corpo é dele ou não", afirmou Fernanda Saens.
Olívia Fernandes, viúva do mecânico Luiz Carlos Fernandes, morto no acidente, abriu o jazigo do marido na quarta.
Valéria Machado, viúva do primeiro-sargento Milton Menezes, morto no acidente, também tentou transferir ontem os ossos do marido. No cemitério, ficou sabendo que precisava de autorização da Aeronáutica.
Com base em reportagem publicada pela Folha, o deputado federal Jair Bolsonaro (PPB-RJ) entrou com um requerimento na Câmara dos Deputados solicitando acesso ao relatório do Ministério da Aeronáutica sobre a queda do avião.
O Hércules caiu na Bahia em outubro de 1994, e os 21 militares a bordo morreram. As viúvas recebem pensões, mas dez famílias movem uma ação de indenização e querem identificar os responsáveis pelo acidente.
Quando desenterram os ossos, as famílias procuram sinais do que aconteceu. Sem a orientação de um legista, porém, correm o risco de que o trabalho seja perdido.
A pedido da Folha, o legista Nelson Massini, professor da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, examinou a foto com os ossos encontrados no caixão de Luiz Carlos Fernandes. Massini disse que, pela aparência enegrecida e despedaçada dos ossos, é certo que houve incêndio ou explosão.

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