São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Consumidor vai pagar entre 4,5% e 5% a mais por combustível hoje

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O reajuste dos combustíveis, que entrou em vigor desde a zero hora de hoje, deverá representar um aumento médio de 4,5% a 5% no valor final pago pelo consumidor.
Dentro de 30 dias, a concorrência no setor deverá provocar uma redução desse aumento para a faixa entre 3% e 4%.
O aumento da gasolina deverá ficar entre 6% e 7% -a partir dos 9% autorizados para as refinarias.
Esses cálculos foram apresentados à Folha pelo presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio Varejista dos Combustíveis), Gil Siuffo, que reúne os donos dos postos de combustíveis.
Ele acredita que o aumento vai provocar uma "pequena redução nas vendas do setor".
O pacote fiscal editado pelo governo incluiu um aumento de cerca de 9% na gasolina. Os demais combustíveis -como álcool, óleo diesel e gás de cozinha- sofrerão aumentos diferenciados, em índices a partir de 3%.
Os valores são válidos para as refinarias, pois os preços praticados por distribuidoras e postos não são mais tabelados pelo governo.
Segundo o governo, o aumento dos combustíveis vai ter impacto de 0,21% no Índice de Preços ao Consumidor calculado pela Fipe.
A Fecombustíveis orientou os donos de postos de todo o país a repassar para o preço final 80% do reajuste cobrado pelas distribuidoras -que por sua vez compram os combustíveis das refinarias.
O reajuste no preço da gasolina também será influenciado pelo fim dos subsídios governamentais ao álcool anidro -que é misturado a esse combustível. O fim desses subsídios representará um acréscimo de 0,1% a 3,7%.
Com o aumento de combustíveis, o governo terá uma arrecadação adicional de cerca de R$ 1,16 bilhão, que deve amortizar uma dívida de R$ 6,5 bilhões que o Tesouro tem com a Petrobrás.
O aumento entraria em vigor na segunda-feira, mas foi antecipado para hoje para evitar especulações com os estoques dos combustíveis: os postos poderiam evitar a venda durante o final de semana aguardando os novos preços.
Shell
O ministro Raimundo Brito (Minas e Energia) criticou ontem a distribuidora Shell por ter se antecipado ao aumento de combustíveis que entrou em vigor hoje e ter reajustado seus preços desde ontem em 6,3%.
"Lamentavelmente, a Shell é um especulador de 24 horas. Se há normalidade no mercado e no suprimento da Petrobrás para todas as distribuidoras, não há como explicar por que apenas a Shell se expôs dessa forma à população", afirmou o ministro.
Para ele, "faltou bom senso" à empresa distribuidora de combustíveis. "A Shell cometeu uma atitude insensata", completou Brito.
Procurada pela Folha, a Shell informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa que não iria comentar as declarações do ministro.
Fiscais do DNC (Departamento Nacional de Combustíveis), do Ministério das Minas e Energia, constataram que a Shell vendeu gasolina comum e aditivada para pelo menos 50 postos no Rio com preços majorados em 6,82%.
O chefe da fiscalização do DNC no Rio, Carlos Alberto Hasselmann, afirmou que a Shell só poderia ter feito essa venda a partir da zero hora de hoje.
A assessoria de imprensa da Shell informou que a venda com preços majorados foi realizada porque, em função do aumento da demanda dos postos, a empresa teve de comprar combustível das refinarias utilizando sua cota da semana que vem -que será faturada com os novos preços. Segundo a Shell, o problema ocorreu apenas no Rio e em Itajaí (SC).

Colaborou a Sucursal do Rio

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