São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Crise não afeta visão otimista do Bird

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

A crise do mercado financeiro que levou o governo brasileiro a adotar medidas com forte impacto no crescimento da economia não alterou a visão otimista do Bird (Banco Mundial) sobre os chamados "Cinco Grandes" países ("The Big Five").
O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, da Rússia, da China, da Índia e da Indonésia vai crescer, em média, 4,6% ao ano, até 2020, disse Uri Dadush, diretor do Departamento de Perspectivas de Desenvolvimento do Bird.
"O tumulto financeiro não gerou nenhuma mudança substancial na nossa visão de longo prazo", disse Dadush. Ele brincou com a platéia de empresários que o assistia, ontem. "Essa visão vale para o futuro dos nosso filhos."
Mas o economista reconheceu que os países afetados pela crise, como o Brasil, estarão sujeitos a uma desaceleração no crescimento já no próximo ano.
Dadush confirmou as principais conclusões do relatório anual "Perspectivas Econômicas Globais". O estudo foi divulgado no encontro mundial do Bird, realizado em Hong Kong, há dois meses.
O estudo prevê os impactos do crescimento dos "Cinco Grandes" na economia mundial. Juntos, esses países representam metade da força de trabalho mundial, um terço das áreas cultivadas, mas menos de 8% do PIB do mundo.
O economista afirmou que as questões macroeconômicas que sustentam as projeções do Bird não sofreram alterações. Esse discurso foi apresentado ontem, por ele e pelo diretor para o Brasil do Bird, Gobind Nankani, para membros do governo, em Brasília. A reação, conta Dadush, oscilou entre o otimismo e o pessimismo.
Discordando do teor "conservador"dos números do Bird, Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV do Rio, também presente ao encontro, reiterou a visão de que a base da economia foi mantida.
Para Langoni, "o mercado financeiro está se fixando de forma obsessiva nas expectativas de curto prazo".

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