São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997
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Vice-premiê recebe US$ 90 mil por livro e admite ser punido

Anatoli Tchubais reconhece que valor de adiantamento é alto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O vice-premiê da Rússia Anatoli Tchubais admitiu ontem ter recebido adiantamento de US$ 90 mil para escrever um livro sobre o programa de privatizações no país.
Uma das empresas responsáveis pelo pagamento é dirigida por Alfred Kokh, ex-ministro da Privatização. Suspeita-se que o valor, considerado alto demais, esteja encobrindo propinas recebidas pelo vice-premiê.
Investigadores estiveram ontem na fundação detentora dos direitos do livro e na empresa de Kokh, também dirigida por colaboradores de Tchubais, e apreenderam documentos.
Kokh também é alvo de investigação por ter recebido adiantamento de US$ 100 mil de um obscuro editor suíço para um livro que, até agora, não foi publicado.
"Sim, o livro de fato existe, e o pagamento é alto", afirmou Tchubais. "A reprimenda é justificável, temos de admitir isso."
Pálido, aparentando cansaço e com olheiras, o vice-premiê disse que "aceitará qualquer decisão do presidente" sobre o caso, "qualquer que seja ela".
A Duma, Câmara dos Deputados russa, aprovou ontem a abertura de investigação sobre o caso. A Casa tem maioria comunista, e o vice-premiê é o membro do governo mais atacado pela bancada de oposição. Tchubais, 42, foi o principal condutor do programa de privatizações de empresas estatais durante a transição do comunismo para o capitalismo.
Em meio às suspeitas contra Tchubais, o presidente russo, Boris Ieltsin, demitiu ontem seu vice-chefe de Gabinete, Alexander Kazakov, colaborador do vice-premiê. Uma nota atribuiu a demissão ao fato de Kazakov ser também presidente da companhia de gás russa Gazprom.
Ieltsin lançou uma campanha anticorrupção neste ano. Ele tem feito críticas a funcionários de seu governo que mantém empregos em companhias privadas.
Analistas russos acreditam que as denúncias contra Tchubais e seu grupo são uma resposta de Boris Berezovski, demitido na semana passada da chefia do Conselho de Segurança russo por pressões do vice-premiê. Ex-aliado de Tchubais, Berezovski acusa-o agora de ter favorecido amigos e colaboradores em leilões de estatais.

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