São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Número um; Número dois; Número três; Número quatro; Número cinco; Número seis

Número um - sócio em uma corretora de seguros, Marcelo Almeida, 25, não chega a ser milionário, mas está entre os mais ricos do grupo. Almeida trabalha oito horas por dia, e seu patrimônio pessoal inclui um apartamento de três dormitórios no Morumbi (zona sudoeste), uma picape Ford Ranger 1997, uma moto Honda Scooter e uma lancha de 17 pés, para esqui. E mais: os pais de Almeida possuem fazendas de gado em Mato Grosso. "Não tenho ainda o meu primeiro milhão de dólares, mas estou a caminho", afirma Almeida.

Número dois - ele nasceu em Laguna, Santa Catarina, cursou a escola até o 1º grau, casou-se, teve um filho e hoje mora em um apartamento de quarto e sala ainda não quitado na Penha (zona leste de SP). Tem também um automóvel Uno Mille 1996. Trabalha das 17h às 2h, seis vezes por semana, e ganha R$ 1.500 por mês. Idésio Rabelo Patrício, 27, é garçom há dez anos. Atualmente, ele trabalha no Bar des Arts, no Itaim, mas já trabalhou também no Paddock. "A mulherada me acha bonito, diz que eu não tenho cara de garçom."

Número três - louco por cinema e fotografia, o produtor de TV desempregado Jamil Kfuri, 32, tenta definir sua imagem na produção da foto ao lado. "Acho que me vestiram de publicitário", acredita. Depois de trabalhar sete anos no programa "Dia Dia", alguns meses no "H" e um ano no "Flash", todos na TV Bandeirantes, Kfuri diz que preferiu ficar disponível para fazer o que gosta. "Sempre fui pauteiro, mas ultimamente andei acumulando funções. Quero voltar a fazer só pauta", diz Kfuri, que ganhava R$ 2.700, mora com a família e tem um Corsa 1995.

Número quatro - trabalhar quase 12 horas por dia é um saudável exercício para Miguel Dias, 25, formado há dez anos em educação física. Atualmente, ele trabalha como personal trainer em uma academia e dá também aulas particulares. Dias foge do estereótipo do professor de ginástica fortão, de cabelo curto e bronzeado de praia, embora tenha corpo atlético (mede 1,83 m, pesa 82 kg). "Sinto que o público de personal trainer se assusta um pouco com o professor-massa-bruta, que chega na casa do aluno com roupa justa e músculos saltando para fora da camiseta regata. Eles preferem algo menos ostensivo, mais tranquilo, que não dê a idéia de competição logo de saída", acredita Miguel. Dias mora com a família, tem um Gol 1997, um terreno na praia (perto de Cananéia, litoral sul de São Paulo) e cobra R$ 50 por hora de ginástica, o que equivale a um rendimento de R$ 6 mil por mês.

Número cinco - um terno, uma gravata, sapatos italianos e pronto: "já dá para passar por um cara de classe média alta", avalia o office boy Edmilson Mendonça, 20, que trabalha de 9h às 18h, recebe R$ 400 e adora andar de bicicleta nos fins de semana. Quando não usa a bicicleta como meio de transporte, Mendonça pilota um Fusca 1969, dele mesmo. Nas férias, costuma ir para a praia de Peruíbe, litoral sul de São Paulo, onde fica na casa do tio. Se bem que, nas últimas férias não foi para lugar nenhum. "Preferi vendê-las e trabalhei", conta. A propósito de praia e de sol, ele diz que a maneira mais fácil de diferenciar ricos e pobres é pelo bronzeado. "Não falo da cor que o cara nasceu", explica. "Falo daquele bronzeado de praia mesmo. É coisa de pobre", diz Edmilson, que tem uma namorada de 20 anos e ouve roque nacional, "especialmente Legião Urbana".

Número seis - por mais menino prodígio que um aluno do segundo ano de administração de empresas seja, dificilmente ele vai conseguir, aos 21 anos, comprar com o próprio salário a Mercedez Benz C 230 ano 1996 que Noberto Nogueira Pinheiro Jr. chegou pilotando nesta sessão de fotos. Na verdade, Noberto, que trabalha das 9h às 17h com documentação de operações, conta, por assim dizer, com um adicional financeiro hereditário: ele é filho de banqueiro. Quando não está no estágio, nem na faculdade, ele viaja -daqui a poucas semanas vai para a Europa pela quinta vez este ano-, pratica pólo a cavalo -no clube Helvecia, onde seu pai tem uma fazenda- e, se não é temporada de pólo, ele se divide entre o litoral norte, onde chega à bordo de uma lancha, e a casa da família, em Miami. Noberto se veste com roupas das grifes Armani, Versace e Ricardo Almeida. Noberto, sim, você acertou, Noberto é o cara.

Texto Anterior: Qual dos rapazes da foto é o milionário?
Próximo Texto: A GAROTA DA HORA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.