São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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'Juízes têm lugar no céu'

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Márcio Rezende de Freitas, 37, que apita hoje pela oitava vez nas eliminatórias da Copa-98, não foi só o fato de o Brasil não jogar a competição que fez com que os juízes brasileiros fossem tão requisitados.
Rezende considera a arbitragem nacional de alto nível, o que possibilita a escalação de brasileiros em importantes partidas fora do país.
Em entrevista à Folha, por telefone, ele falou da arbitragem brasileira nas eliminatórias e da possibilidade de atuar na Copa.
(RBu)
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Folha - Por que os árbitros brasileiros atuaram tanto nestas eliminatórias?
Márcio Rezende - O Brasil não jogou, mas acho que é porque sempre que os juízes brasileiros apitaram foram bem.
Folha - Qual a razão de os brasileiros apitarem mais jogos da Argentina e da Jamaica?
Márcio Rezende - Não há razão para isso. São jogos difíceis. Acho que é coincidência.
Folha - O juiz brasileiro leva alguma vantagem sobre os árbitros de outros países?
Rezende - Estamos acostumados a apitar jogos difíceis aqui dentro. Um Corinthians x Palmeiras ou um Atlético x Cruzeiro é tão ou mais difícil que um Argentina x Uruguai.
Folha - Qual foi o jogo mais difícil que você apitou nestas eliminatórias?
Rezende - Foi Chile x Peru. A imprensa chilena me pressionou muito por causa daquele incidente contra o Brasil em 89, nas eliminatórias.
Folha - Você participou do curso de árbitros para a Copa dos EUA, mas não atuou no Mundial. Como foi nos testes?
Márcio Rezende - Fui bem em todos os testes que fiz na carreira. Tinha e tenho um grande preparo físico.
Folha - Você é apontado como o provável árbitro brasileiro na Copa da França. Acha que há algum concorrente?
Rezende - Eu e o Antônio Pereira, pelo que andam falando, são os que têm mais chances. Vamos ver quem vai.
Folha - Quando você acha que sairá a confirmação de quem são os árbitros da Copa?
Rezende - Deve ser logo após a última partida das eliminatórias, o jogo entre a Austrália e o Irã ou o Japão. Mas o juiz é como marido traído, é sempre o último a saber.
Folha - Depois da Copa-98, o que planeja para sua carreira?
Rezende - Devo continuar como árbitro, mas já decidi que não vou apitar depois dos 45 anos. Pretendo, no futuro, trabalhar em comissões de arbitragem ou algo do tipo.
Folha - O que achou de a Fifa referendar que o árbitro tem todo o direito de errar, proibindo a repetição de jogos em que ocorreram equívocos do juiz?
Rezende - Quando um jogador erra e perde um gol, ninguém pede para voltar o lance ou mudar o placar do jogo. A mesma coisa deve servir para os árbitros. Por que nós não podemos errar? Os juízes também têm um lugar no céu.

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