São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Ieltsin prepara reformas no seu gabinete

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro da Rússia, Viktor Tchernomirdin, anunciou que o presidente Boris Ieltsin prepara mudanças no primeiro escalão de seu gabinete. O premiê disse que elas seriam anunciadas ainda ontem, mas até o começo da noite (pelo horário de Moscou) elas ainda não haviam sido divulgadas.
O estopim da mudança é um escândalo envolvendo Anatoli Tchubais, 42, um dos vice-primeiro-ministros (são dois). Ele admitiu ter recebido o equivalente a US$ 90 mil -um valor muito alto, segundo ele mesmo- para escrever um livro sobre o processo russo de privatizações, comandado por ele.
Suspeita-se que grupos interessados nas privatizações tenham usado esse adiantamento como suborno. Tchernomirdin, segundo a agência de notícias "RIA", afirmou que "a situação compromete seriamente o trabalho do governo" e que por isso "decisões concretas sobre a composição pessoal do governo serão (seriam) tomadas hoje (ontem)".
Segundo a rádio Eco de Moscou, o ministro da Privatização, Maxim Boiko, seria substituído. Piotr Mostovoi, chefe de um órgão responsável por administração de falências, renunciou, segundo a agência de notícias "Itar-Tass".
Na sexta-feira, Ieltsin já havia demitido um dos co-autores do livro ainda não publicado, Alexandr Kazakov, chefe de gabinete do Kremlin e assessor de Tchubais.
O vice-premiê e seus assessores envolvidos no escândalo não comentaram a possibilidade de reforma no gabinete.
Barganha política
A eventual saída de Tchubais representa uma vitória para a oposição neocomunista ao presidente Ieltsin. Mas analistas financeiros avaliam que a saída do líder do processo de privatização deve derrubar ainda mais a Bolsa de Moscou, já abalada por causa do crash global.
A reforma, porém, ajudaria Ieltsin a aprovar na Duma o Orçamento para 1998 -ou seja, seria uma barganha política com os deputados neocomunistas que detêm a maioria na Câmara dos Deputados do país.

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