São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Dois na gangorra

MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há poucos dias, no "Jô Soares Onze e Meia", entre um médico especializado no tratamento do osso do meio do dedinho esquerdo do pé direito e um escritor que viveu a experiência de levar um tombo na quadra de tênis, e escreveu doze volumes sobre isso, a produção deu uma aula de patriotismo e de bom humor e colocou no ar as Irmãs Galvão -que estão comemorando 50 anos de carreira e lançando novo disco.
Elas riram, brincaram com o apresentador e cantaram no meio da platéia.
Ao contrário das duplas "caipiras" do momento -("caipira" sim, "sertaneja" sim! Que frescura é essa de "cântri". Nem em inglês essa palavra existe. Pelo menos não do jeito que essa gente pronuncia), que não se conformam de estarem no Brasil e fazem de tudo, do figurino aos arranjos, para serem cada vez mais americanas e alimentar seu sonho de ter um apartamento na não muito mais desenvolvida Miami-, elas mostraram que ser brasileiro, ser caipira é muito mais sofisticado do que colocar um chapéu texano na cabeça e uma bota de bico largão de fazer Marlene Dietrich e outras não muito crentes virarem nas suas tumbas.
Claro que isso só leva a outras duplas, hoje de lado porque é mais moderno e mais "Nashville" um bando de gente feia cantando no velho e ultrapassado estilo "We Are the World", como foi apresentado no "Vídeo da Globo Shoumbigo" de alguns dias atrás, com destaque para as duplas que batem cartão no "sushi do Faustão".
Mas bem que as gravadoras poderiam relançar coletâneas como Cascatinha e Inhana, a grande Inezita Barroso, as trilhas dos filmes em que Eliana e Adelaide Chiozzo cantavam em dupla, entre outras, "Beijinho Doce", que as mesmas Irmãs Galvão cantaram no show do Jô Soares, e muitas outras coisas, como Alvarenga e Ranchinho, dupla muito mais engraçada e correta do que essa tal de dupla "gaypira", "Rosinha e não sei quem"... Sem contar naqueles que cantavam ritmos hoje quase esquecidos, como os muitos baiões gravados por Camélia Alves, o chorinho de Ademilde Fonseca e o bom gosto de Luiz Vieira, cujo programa nos anos 60 tinha o original título de "Eu Show Luiz Vieira".
Mas quem se importa??? Só o público!!!

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