São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 1997
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Número de adoções em São Paulo cai 13,3%

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de crianças adotadas no Estado de São Paulo diminuiu 13,3%, entre 1994 e 1996.
Segundo dados da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo, em 94, houve 7.165 adoções nacionais e estrangeiras. Em 95, 6.590, e no ano passado, 6.207 (veja quadro).
Segundo especialistas, o receio dos futuros pais adotivos em relação à situação econômica do país, a burocracia do processo de adoção e a tentativa de redução do crescimento das famílias mais pobres podem ser as explicações para a retração dos casos de adoção -pelo menos até o ano passado, segundo os dados completos da Justiça paulista.
"A crise econômica e a tendência a se evitar ter um número maior de filhos são hipóteses para essa diminuição das adoções no Estado", afirmou o promotor da Infância e da Juventude Maurício Antonio Ribeiro Lopes.
"O decréscimo das adoções pode estar relacionado a fatores econômicos e a uma falta de metodologia de trabalho da Justiça", disse o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Menor.
Segundo ele, o processo de adoção tem agir em "duas pontas: na criança e nos pais".
"É preciso uma aproximação das famílias que querem adotar com as crianças aptas para adoção. Se não há essa interação, a coisa não caminha ou anda muito devagar", disse Lancellotti.
Se as adoções legais diminuíram, as "adoções" alternativas, menos burocráticas, aumentaram.
O projeto de apadrinhamento do SOS Criança, por exemplo, fez saltar de cinco casos de "adoções" no primeiro trimestre deste ano, para 11 casos, no terceiro trimestre.
No apadrinhamento, um adulto oferece ajuda financeira -paga cursos ou escola- e proporciona momentos de lazer para uma criança, que continua vivendo em algum abrigo do SOS Criança.
"A adoção efetiva é melhor para a criança, mas, na falta de condições para isso, o apadrinhamento ajuda", disse a coordenadora do SOS Criança, Rosangela Zanetti.
"No caso da diminuição da adoção legal, o fator econômico pode pesar, mas não é o determinante. O que desanima é a demora da Justiça", completou Rosangela.

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