São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 1997
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Jovem gay se abre com os pais, mas o que dizer à irmã menor?

ROSELY SAYÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Tenho 19 anos, estou na faculdade e, como todos, tenho sentimentos e sonhos. Estou escrevendo porque o meu amor é por uma pessoa do mesmo sexo: sou gay. Já estou namorando há 1 ano e decidi abrir o jogo com minha mãe. Logo meu pai e minha avó ficaram sabendo, mas eles condenam minha atitude e dizem que é o mesmo que ter um filho drogado. Estou escrevendo porque tenho uma irmã de 12 anos que está confusa com essa história, e já questionou minha mãe sobre a minha 'amizade'. Minha pergunta é: o que fazer? o que dizer? Conto para ela? Procuro uma terapia com a família?"

resposta Preconceito é fogo! Vindo de pai, então, nem se fala! Bom, já que você resolveu abrir o jogo, vai ter de enfrentar. Quem usa drogas quer viver, mas não sabe bem como; sabe muito bem o modo como quer viver. E o seu modo de viver sua vida sexual, caro, é visto, ainda, com muito preconceito.
Há gente que pensa que ser homossexual é uma escolha. Não é. Pelo menos não como pensam. Por acaso você resolveu isso um belo dia? Não. Você foi percebendo o jeitão do seu tesão pouco a pouco, como costuma acontecer. E muitos ainda lutam contra essa forma que assume a sexualidade, mas, em vão. Difícil entender isso? Ora, e como é que acontece com a maioria? Simplesmente eles percebem que o tesão aparece dirigido para uma pessoa do sexo oposto. E os heterossexuais conseguem mudar esse jeito de ser? Claro que não.
Você sabe que não é fácil enfrentar tudo isso, mas vale a pena, pois é o seu jeito de conseguir satisfação na vida. Você tem o direito. E ser do jeito que você é não torna você diferente dos outros nas outras coisas.
Agora, a dúvida a respeito de sua irmã. Sabe de uma coisa? Hoje em dia está a maior confusão a respeito do que deve ser mantido na intimidade e o que deve ser escancarado. Pois aí está uma boa oportunidade de você dar essa lição para a sua irmã. Todo mundo tem o direito de ter amigos e amigas, certo? Pois para ela, isso basta.
A curiosidade sobre o que acontece e o que deixa de acontecer na sua vida íntima, ela vai ter de conter. Não é do interesse dela. Pelo menos não agora. Mais tarde, quando ela for mais madura, se você quiser, pode conversar a respeito disso. Mas só se você quiser, bem entendido, pois precisar não precisa. Claro que ela pode notar algo e concluir. Mas isso é com ela. E parabéns pela sua preocupação!

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