São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Metade da receita terá de abater dívidas

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado aprovou ontem à noite projeto de resolução que obriga Estados e municípios a gastar pelo menos 50% da receita de privatizações para pagar dívidas.
A proposta original da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado vinculava 75% da receita ao resgate de dívidas, mas um acordo em plenário reduziu a exigência para facilitar a aprovação do projeto.
O relator Vilson Kleinubing (PFL-SC), que insistia em permitir que os governadores dispusessem de apenas 25% da receita da privatização para investimentos ou custeio, recuou depois de mais de três horas de discussão.
O projeto aprovado altera a resolução 69 do Senado, que define as normas para a rolagem de dívidas e contratação de empréstimos por Estados e municípios.
Pela Constituição, toda contratação de crédito de Estados e municípios precisa de autorização do Senado, com exceção das operações ARO (antecipações de receita orçamentária). As AROs dependem do Banco Central e devem só ser comunicadas ao Senado.
O projeto diz que o Estado ou município que quiser autorização para contratar empréstimos ou rolar dívidas terá de comprovar o uso de 50% da receita da privatização com o abatimento de dívidas.
Também serão considerados, para efeito do cálculo do percentual de resgate da dívida pública, os pagamentos de precatórios (dívidas com ordem judicial de pagamento) e as contribuições a fundos de previdência de servidores.
Eleições
A votação do projeto transformou-se em uma prévia das eleições estaduais. Senadores que pretendem disputar os governos no ano que vem foram a favor da proposta. Os aliados dos atuais governadores foram contra.
Os governadores tucanos Mário Covas (São Paulo), Tasso Jereissati (Ceará) e Dante de Oliveira (Mato Grosso) criticaram o Senado. Covas afirmou que paga dívidas com o dinheiro da privatização, mas que o projeto é inconstitucional.
Jereissati disse que a votação era "um show de casuísmo". "Os senadores estão pensando mais nas eleições que no país."
Dante afirmou que a decisão é "impraticável". "Já renegociamos a dívida com a União por 30 anos, com correção de 6% ao ano. Por que vou resgatar isso?", disse.

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