São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Novo ministro anuncia pacote na Coréia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Analistas afirmam que medidas não serão suficientes para evitar que o país recorra a ajuda do FMI

Novo ministro anuncia pacote econômico
O novo ministro da Economia da Coréia do Sul, Lim Chang-yuel, anunciou ontem um pacote para tentar injetar dólares no país e recuperar sua economia em crise.
Lim assumiu o ministério no lugar de Kamp Kyong-shik, que deixou o cargo ontem devido ao agravamento da situação financeira sul-coreana.
O pacote causou pouco entusiasmo junto a analistas da economia do país.
Segundo eles, as medidas não são suficientemente drásticas para evitar que o país recorra ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
O novo ministro afirmou, no entanto, que o governo sul-coreano vai preferir pedir ajuda ao Japão e aos Estados Unidos, segundo a agência "Reuters".
"Nós gostaríamos de ver nossos bancos centrais cooperando uns com os outros", disse Lim, ao anunciar o pacote econômico.
Segundo analistas, não está claro se bancos centrais poderiam ajudar a Coréia do Sul.
Estimativas indicam que uma eventual ajuda do FMI ao país seria de US$ 40 bilhões a US$ 60 bilhões.
Lim disse que o goveno não deve pedir imediatamente ajuda ao FMI, apesar da expectativa da comunidade financeira de que isso deve ocorrer logo.
"Se a Coréia do Sul vai precisar de ajuda do FMI é um assunto que deve ter maior debate", afirmou.
Medidas
Lim anunciou a abertura do mercado de títulos de médio e longo prazos da dívida do governo a investidores estrangeiros.
Ele disse que o governo deve ainda lançar bônus de sua dívida em mercados externos.
Entre as medidas anunciadas ontem, está também a flutuação livre do won, a moeda sul-coreana, em até 10% ao dia.
Até então, a moeda sul-coreana só podia ter variação de 2,25% ao dia.
Pelo terceiro dia consecutivo, foram suspensas as operações de câmbio após a queda da moeda sul-coreana ao mínimo permitido em um dia.
O won fechou ontem com um novo mínimo histórico de 1.035,50 por dólar.
Bancos
O governo lançou medidas para estimular fusões e aquisições entre bancos endividados.
O fundo de ajuda governamental para cobrir créditos podres do sistema financeiro vai passar dos atuais 3,5 trilhões de wones para 10 trilhões de wones -o equivalente a US$ 10 bilhões.
Segundo o ministro, o rombo no mercado financeiro totalizado até setembro era de 28,53 trilhões de wones.
"É melhor ter 10 trilhões do que 3,5 trilhões, embora não seja suficiente para eliminar todo o problema", avaliou Hank Morris, diretor da Coryo Securities.
Morris disse que era "encorajador" o fato de o governo tentar melhorar a saúde do sistema financeiro, mas avaliou que as medidas não resolviam a dívida em curto prazo.
Bolsa
O secretário interino do Tesouro norte-americano, Lawrence Summers, disse que os EUA estavam acompanhando de perto a Coréia do Sul.
Segundo ele, Washington "acredita que Seul deve elaborar uma estratégia efetiva para resolver seus problemas financeiros".
"O mais importante agora é que a Coréia formulou uma estratégia direcionada a resolver os sérios problemas financeiros por que passa sua economia", disse.
A Bolsa de Valores de Seul registrou ontem alta de 1,6% devido ao anúncio do novo pacote.

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