São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Livro vê perseguição contra empresário

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO ENVIADO A BUENOS AIRES

Um livro recém-lançado na Argentina tenta mostrar que Maradona e seu empresário, Guillermo Cóppola, foram vítimas de uma trama política, e sua detenção pela polícia argentina, uma armação.
Intitulado "Os Farsantes - Caso Cóppola, uma Crônica do Fim do Menemismo", ele relata os bastidores da prisão do empresário de Maradona, em outubro de 1996, sob acusação de tráfico de drogas.
Os autores, Gabriel Pasquini e Graciela Moshkofsky, criticam a atuação da Justiça argentina no caso. Segundo as investigações dos dois, ela teria, entre outras coisas, fabricado provas e manipulado a imprensa para criar um clima desfavorável a Cóppola e Maradona.
Num outro livro, uma biografia não-autorizada do esportista, reflete o pensamento de parte dos argentinos, que acham que Maradona foi melhor do que Pelé.
Uma das explicações mais frequentes é que os dois atuaram em épocas diferentes. Na de Pelé, o futebol não seria tão competitivo.
Nas comparações, no entanto, não faltam exageros. É o que se vê na obra "Das Mãos de Deus a suas Botinas", de Rodrigo Fernández e Denise Nagy, em que o argentino é comparado ao compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart.
Até aí tudo bem. O curioso, porém, é que o livro, ao trazer um comentário de Pelé sobre a participação de Maradona na Copa de 1994, compara o brasileiro a Antonio Salieri.
No filme "Amadeus", de Milos Foreman, Salieri é retratado como um músico invejoso revoltado com o talento de Mozart.
Mesmo que o retrato que estigmatizou Salieri não tenha fundamentação histórica, seja em relação à inveja, seja em relação às suas qualidades musicais, no livro sobre Maradona a analogia serve para desmerecer Pelé.
Na obra, Fernández e Nagy escrevem que, num esforço final para ganhar a imortalidade, "Antonio 'Pelé' Salieri" ousou dizer antes de enlouquecer: "... Os anos não passam somente para mim. Aos 53 anos (em junho de 1994), eu poderia jogar como lançador ou defensor, mas não daria para esperar do Pelé piques e gols brilhantes. Com Maradona, passou-se algo parecido".
(JCA)

Texto Anterior: Histórico
Próximo Texto: Em início de carreira, atleta foi 'Caradona'; Jogador estréia com número 16 na camisa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.