São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Explicação; Fiscalização na universidade; Educação mais pobre; Cidade suja; Saída neoliberal; Oposição isenta; Combate à sonegação; Busca inútil; Temporário; Pena máxima; Cultura inatingível; Contestação

Explicação
"O título 'Diretor da Câmara faz lobby antiteto', da reportagem do jornalista Luís Costa Pinto, publicada à pág. 1-6 (Brasil), de ontem, é totalmente inverídico. Nunca, em momento algum e em nenhum lugar, defendi a derrubada do teto salarial. Defendi, sim, uma redação mais adequada ao artigo que trata do assunto, mas com teto inflexível para todos os servidores dos três Poderes.
Quanto a 'suas preocupações salariais', informo-lhe que aposentar e permanecer no cargo nunca fez parte de meus planos. Pelo contrário, sempre me bati para que na Câmara dos Deputados não se nomeassem aposentados para cargos em comissão. Invoco o testemunho dos atuais líderes Inocêncio Oliveira e Luis Eduardo Magalhães, ex-presidentes da Câmara dos Deputados.
Como lhe falei por telefone, apenas no cumprimento de minhas obrigações funcionais, emiti opiniões técnicas."
Adelmar Silveira Sabino, diretor-geral da Câmara dos Deputados (Brasília, DF)

Fiscalização na universidade
"Esta coluna tem publicado, por diversas vezes, cartas de docentes universitários colocando o poder constituído como único culpado da falência do ensino superior no Brasil. Entretanto, como professor de uma universidade pública estadual, verifico verdadeiros absurdos na administração universitária.
Na Unesp, parcela considerável de docentes não desenvolve qualquer pesquisa, tem carga didática baixíssima e fura o regime de dedicação exclusiva, tudo isso com a proteção de esquemas junto aos órgãos da reitoria, que deveriam estar justamente impedindo tais desmandos. A autonomia das universidades paulistas, pelo menos em nível de Unesp, facilitou o uso da máquina administrativa universitária para fins políticos e pessoais e para a caça daqueles docentes que, inconformados, tentam moralizá-la. Que me desculpem os colegas honestos e trabalhadores que tenho, mas, não só a Unesp, como também várias universidades federais não passam de verdadeiros PAS da vida. Merecem, na realidade, um controle externo mais efetivo."
Marcio Antonio Augelli, professor-assistente do Departamento de Física e Química da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá -Unesp (Guaratinguetá, SP)

Educação mais pobre
"Não poderia haver notícia pior para a educação neste final de ano. O prefeito Celso Pitta quer alterar a Constituição municipal para diminuir as verbas que é obrigado a gastar com educação -reduzir de 30%, exigência atual, para 25% as verbas para a educação.
A rede municipal de ensino possui 766 escolas, número que poderá chegar a 800 com as transferências de prédios do Estado para a Secretaria Municipal de Educação. Nessas escolas faltam manutenção, limpeza e segurança. As condições de funcionamento de muitas delas são péssimas. E os salários de professores e demais profissionais de ensino são baixos.
Diminuir verbas significa mais crianças fora da escola."
Jacinto dos Santos (São Paulo, SP)

Cidade suja
"A respeito das declarações do secretário municipal das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli, de que São Paulo 'está suja porque a população é porca', cabe ressaltar o desprezo da prefeitura com a limpeza pública. Não raro, os cidadãos são forçados a percorrer algumas centenas de metros até encontrar um cesto de lixo na calçada. Isso sem levar em conta a total omissão do poder público quanto aos projetos de reciclagem de lixo."
Arnaldo Comin (São Paulo, SP)

Saída neoliberal
"Alguns leitores, referindo-se à economia de mercado e à desregulamentação da economia, escrevem para esta coluna criticando de forma desqualificadora o que chamam de 'modelo neoliberal' adotado pelo atual governo. O modelo nada tem de 'neo', pois é, há muito, praticado por outros países, hoje ditos desenvolvidos.
Desenvolvimento econômico-tecnológico e estabilidade social só se conquistam a longo prazo. Os EUA levaram mais de cem anos para alcançar o padrão de vida da Inglaterra, e o Japão também. Acho que esses leitores não têm paciência para ver dar certo aqui o que já foi provado que funciona nos países ricos."
Paulo Henrique Uchida Rezeck (Poços de Caldas, MG)

Oposição isenta
"Quando Fernando Henrique Cardoso procura culpar a oposição pelos insucessos de seu plano, além de errar na qualificação de responsabilidades, erra grosseiramente em sua quantificação, pois a oposição, infelizmente, tem pouca força no Congresso. Quando quis quebrar o monopólio estatal do petróleo, privatizar a Vale e garantir o direito à reeleição, ele conseguiu. Se o presidente só consegue apoio dos seus aliados para ações indecorosas, a oposição nada tem a ver com isso."
Antonia A. Andrade (São Paulo, SP)

Combate à sonegação
"Muito mais arrecadaria o governo se fiscalizasse os que sonegam em vez de sobrecarregar, com apoio da imprensa tida por esclarecida, os poucos e respeitáveis sofredores do desconto de 27,5% do Imposto de Renda Retido na Fonte."
Maria Inês de Oliveira (Curitiba, PR)

Busca inútil
"Procurei atentamente nas 51 medidas do pacote fiscal, mas não consegui encontrar nenhum centavo de corte na verba de propaganda do governo. Quer dizer que, além da maior recessão da história do Brasil, vamos ter de suportar também o blábláblá de FHC e sua turma."
Renato Azevedo Junior (São Paulo, SP)

Temporário
"Difícil governar um país com mais de 50 tipos de políticos. Coitado do meu país. É um país provisório, (des)governado por políticos provisórios, rumo a um futuro provisório. Sempre com medidas provisórias, claro. A única certeza é de que os sinos vão dobrar todos nós. Desta vez vão."
Valmira Gonçalves Fernandes (João Pessoa, PB)

Pena máxima
"Revoltante o assassinato de Elisângela Rodrigues Cardoso, 19, grávida de sete meses, entre os municípios de Diadema e São Bernardo, no dia 13/11. Como definir 'seres humanos' que cometem um crime tão bárbaro?
Casos como esse dão cada vez mais fôlego àqueles que defendem a instauração da prisão perpétua e da pena de morte no Brasil."
João Manuel F.S. Carvalho Maio (São José dos Campos, SP)

Cultura inatingível
"Mais uma vez me sinto constrangido em abrir o caderno Mais!. Leio todo o jornal, gosto das análises, da independência e da linha editorial, mas quando me deparo com o Mais! a impressão que tenho é que tudo que estudei e li de nada adiantaram.
A linguagem é difícil, a erudição predomina, tudo dando a impressão de que esse é um mundo culto, acessível apenas a poucos privilegiados.
Sugestão: democratizar o caderno, como foi feito com o restante do jornal."
Evaldo França Martinelli (Vitória, ES)

Contestação
"Como corintiano, leitor e advogado, não poderia me calar com a falta de bom senso do promotor preocupado com a violência no futebol. Não se trata de fazer apologia da violência. A questão é educar e punir quem cometeu determinada violência e não a entidade. A torcida organizada Gaviões da Fiel é a verdadeira 'alma' corintiana: não vai acabar nunca."
Francisco Parra Junior (São Paulo, SP)

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