São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Do seu para outros bolsos

JANIO DE FREITAS
DO SEU PARA OUTROS BOLSOS

No dia mesmo, a segunda-feira, em que completou sua primeira semana o pacote que vem buscar no bolso de quem trabalha o dinheiro para remendar o Real, o governo iniciou, ou aprofundou, mais um esbanjamento sob a forma de outra operação de compra de parlamentares com dinheiro público. A quanto irá esse gasto? -eis o que todos têm o direito de perguntar, e a Presidência do governo moralizador jamais terá hombridade para responder.
Só nas três primeiras edições do "Diário Oficial" desta semana, já se localizavam mais de R$ 250 milhões liberados, por ordem de Fernando Henrique Cardoso, para a compra de votos de deputados na "reforma" administrativa (aprovada na quarta-feira, mas pendente ainda de outras votações).
O montante já conhecido está longe, porém, do total, faltando-lhe ainda o custo dos compromissos de liberação com inúmeros deputados. E o custo dos benefícios financeiros para os 80 deputados que, detentores de mais de uma aposentadoria, recusavam-se a aprovar o fim da acumulação. E o custo dos aumentos, de R$ 8.500 para R$ 12.720, que as Mesas Diretoras do Senado e da Câmara ficaram autorizadas a aplicar aos vencimentos dos parlamentares (na linguagem do deputado Moreira Franco, isso foi "uma mutreta ou uma mumunha" que ele próprio contrabandeou para o texto da "reforma" administrativa e, depois, foi abençoada por Fernando Henrique e pelos dirigentes moralizadores do Senado e da Câmara).
E o que se sabe não é tudo, constando haver ainda, no mínimo, acordos de Fernando Henrique com alguns dos governadores que foram ao Congresso pressionar suas bancadas estaduais. Entre estes, Amazonino Mendes, já em ação bem antes dos outros e enquanto Sérgio Motta reunia-se com grupos de parlamentares.
Por coincidência, pois só poderia ser coincidência, lá operavam o repassador e o fornecedor do dinheiro para a compra dos votos na reeleição -ao que confessou um dos vendidos, e Sérgio Motta há pouco reconheceu por via indireta, ao sustar o processo que anunciara para desfazer a denúncia gravada.
Os reprovados
Professores em escolas municipais de Vitória, Espírito Santo, acusam pressões da prefeitura para que aprovem, de qualquer jeito, pelo menos 95% dos alunos de cada turma.
O prefeito é Luiz Paulo Vellozo Lucas, economista do PSDB que fez os alicerces de sua eleição como secretário de Acompanhamento de Preços do governo federal, quando substituiu José Milton Dallari e ameaçou donos de escola e outros com rigores absolutos, mas não puniu qualquer dos abusos.
Como economista do PSDB, Vellozo Lucas adota a metodologia criada pelo também economista e peessedebista Paulo Renato Souza, ministro da Educação, para acabar com os péssimos índices de repetência no primeiro ciclo.

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